Apesar de o risco cardiovascular na mulher ser menor do que no homem, um mal estar ou uma dor na região do estômago pode indicar emergência para a saúde do coração
Um relatório publicado pela Associação Americana do Coração (AHA) mostrou que as mulheres têm sintomas diferentes dos homens ao sofrer um ataque cardíaco. Enquanto eles sentem fortem dores no peito, elas podem apresentar dores mais amenas.
O número de mulheres que infartam subiu drasticamente nos últimos anos e é preciso saber identificar os sintomas para correr ao pronto-socorro caso algum deles apareça.
De acordo com o endocrinologista Renato Ziki, há diversas diferenças entre homens e mulheres em relação a um evento cardiovascular. Geralmente, as mulheres demoram mais a ter problemas e podem infartar na casa dos 50 anos. No caso dos homens, o risco já é grande a partir dos 40.
“O risco cardiovascular da mulher é menor que o do homem até a menopausa, mas se ela entrar em uma menopausa precoce, com menos de 44 anos, há aumento de risco de infarto e derrame”, diz. Segundo o médico, quem fuma, tem diabetes ou colesterol alto esta em um grupo de risco maior.
De acordo com o cardiologista Maximiliano Freire Dutra, outra diferença é a forma como os sinais se manifestam. “Nem sempre a mulher tem os sintomas característicos do infarto, como dor e aperto no peito”, explica. “Ela costuma ter sintomas inespecíficos. Às vezes é uma dor que espalha no peito, uma dor em forma de peso no braço, um mal estar não muito bem definido”.
Segundo o médico, muitas mulheres sentem uma dor na região epigástrica e confundem com gases. “Pensam que é uma doença causada pela comida ou pela gastrite”, diz. Mas não. “Às vezes não são gases”, completa. É uma emergência médica que, se não tratada a tempo, leva à morte.
O desconhecimento sobre esses sintomas nas mulheres se deve, segundo o médico, a maioria dos estudos serem feitos em homens.
“O desfecho da doença coronariana é muito mais estudado no homem do que na mulher, então isso também dificulta dizer com segurança se os eventos são mais graves nas mulheres. Tudo indica que sim”, fala. A tendência atual é incluir mais mulheres nos estudos.
O especialista afirma que estão agindo com mais cautela nos centros de cardiologia e que já suspeitam de doença cardíaca quando uma mulher de meia idade chega com sintomas inespecíficos.
Infarto pode dar sinais dias antes
Dutra explica que quando alguém infarta, na maioria das vezes, já teve sintomas de menor intensidade nos dias anteriores. “Isso vale tanto na mulher como no homem”.
“É uma dor que dura menos tempo, de duas a três vezes na semana. Tem as mesmas características de infarto, mas em intensidade menor. Muitas vezes, a mulher não dá valor, porque acaba rápido. Diz que está com gases, mas pode ser infarto”, alerta.
Para prevenir os eventos cardiovasculares, o endocrinologista Renato Zili recomenda atividade física, alimentação saudável, controle do peso e ressalta que o controle do sono também é muito importante para evitar infartos.
“Quem dorme bem produz menos cortisol e adrenalina. Uma noite mal dormida aumenta, em pessoas saudáveis, 30% a liberação de insulina. É como se a pessoa tivesse comido 30% a mais”, alerta.