Federação e clubes do MA reagem a mudanças na Copa do Nordeste.

Presidente da FMF, Antônio Américo, revela que participou das últimas reuniões sobre assunto e sugeriu a mudança na fórmula de disputa para não perder vaga

Por João Ricardo e Zeca Soares.

A Copa do Nordeste pode ter mudanças a partir de 2017. Federações de Ceará, Pernambuco e Bahia encabeçam o movimento, que pretende diminuir o número de participantes e mudar a forma de acesso à competição. A proposta atinge os clubes do Maranhão, Piauí, Sergipe, Paraíba e Alagoas, que passariam a ter apenas uma equipe na competição. A possibilidade repercutiu negativamente junto à Federação Maranhense de Futebol (FMF) e os três principais clubes do futebol maranhense.

> Liga descarta mudança na fórmula de disputa do Nordestão até 2022
> Clubes querem mudar Copa do NE; Liga resiste e jornalistas se opõem

O presidente da FMF, Antônio Américo, revelou que participou das últimas reuniões sobre o assunto e sugeriu a mudança na fórmula de disputa para evitar a diminuição no número de times de 20 para 16. Essas mudanças serviriam como adequação à uma uma decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em reduzir as datas da competição de 12 para nove.

Cleitinho - Sampaio x Sport (Foto: Heider Matos/Imirante.com)Lance de jogo entre Sampaio e Sport, pela Copa do Nordeste, em São Luís (Foto: Heider Matos/Imirante.com)

– A ideia elitista de Bahia, Vitória, Fortaleza, Ceará, Náutico, Sport e Santa Cruz era para que só fossem para a Copa do Nordeste os campeões estaduais (nove times) e os demais seriam classificados por meio de ranking, o que não é justo. Depois sugeriram que as vagas fossem definidas por ranking de federações. O Maranhão não seria prejudicado, mas Sergipe e Piauí perderiam vagas e nós não concordamos – disse o presidente.

Na semana passada, o presidente da Liga Nordeste, Alexi Portela disse em entrevista ao Globoesporte.com que qualquer mudança na competição seria inviável devido à questões contratuais. Ele defendeu a participação das equipes do Maranhão e Piauí, mas admitiu que a permanência das equipes dos dois estados estaria condicionada à definição por parte das outras equipes participantes.

Entre tantas propostas, Américo revelou que sugeriu uma fórmula para a competição se adequar às nove datas e continuar com os 20 times.

Náutico x Moto Club (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Jogo do Moto contra Náutico, pelo Nordestão, em Pernambuco (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

– Diante da situação, sugerimos que a primeira fase fosse disputada apenas em três datas, ou seja, somente com a ‘fase de ida’, assim cada time teria três e não mais seis jogos na etapa de classificação. Desta forma faríamos a competição dentro do prazo determinado pela CBF. Essa proposta foi acatada por todos, inclusive os presidentes das federações do Ceará, Pernambuco e Bahia – disse Américo.

A decisão ficará a cargo da CBF, que está ciente das reuniões que foram realizadas. Não há data exata para a divulgação da decisão da entidade. A situação dos maranhenses nunca foi fácil nos bastidores da Copa do Nordeste. Os times entraram no torneio em 2015 com as presenças de Sampaio e Moto, campeão e vice, respectivamente, do Campeonato Maranhense de 2014.

Logo no primeiro ano, as dificuldades foram tantas que nenhum dos times recebeu cotas de participação, e apenas o Sampaio, por ter sido o representante número 1, teve suas despesas pagas. O Moto teve que arcar com todos os gastos e, por pouco, não teve que pagar, também, as despesas dos adversários. A poucos dias do início do torneio, a FMF conseguiu, junto à CBF, os recursos necessários para que isso não fosse cobrado do clube.

– Sempre foi assim. Tivemos que batalhar muito desde o primeiro dia para conquistarmos tudo isso, mas já evoluímos muito nesse sentido – disse o Américo.

Sem em 2015 os clubes não receberam nada, em 2016 Sampaio e Imperatriz tiveram R$ 300 mil cada como cota de participação da primeira fase.

Romário entre senador Romero Jucá e Antônio Américo Lobato Gonçalves, presidente Federação Maranhense Futebol (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)Antônio Américo Lobato Gonçalves, presidente Federação Maranhense Futebol (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

– Em 2017 acredito que não vamos ter menos que isso. Estamos buscando discussões para que essa divisão seja revista por completo, mas a diferença de cotas é por conta de contrato com patrocinador assinado antes de nossa entrada na competição. Todos os outros receberam R$ 505 mil este ano, na primeira fase, enquanto nós ficamos com R$ 300 mil e mais todas as despesas pagas para os dois representantes – explicou o presidente.

Para a próxima temporada, o Moto Club garantiu vaga quando venceu o primeiro turno do Campeonato Maranhense. A outra vaga, o Sampaio garantiu na noite dessa quinta-feira, ao vencer o Imperatriz e ir à final do segundo turno do Maranhense contra o próprio Moto Club.

Os clubes

Os três principais clubes do Maranhão se manifestaram também sobre toda esta situação. Os presidentes falaram em nomes de suas respectivas agremiações.

Sérgio Frota, presidente do Sampaio

Iziane e Frota durante coletiva no CT do Sampaio (Foto: Paulo de Tarso Jr/ Imirante.com)Sérgio Frota, presidente do Sampaio (Foto: Paulo de Tarso Jr/ Imirante.com)

– Os clubes do Maranhão e Piauí agregam muito à competição, aqui temos dois clubes de massa que são Sampaio e Moto e que juntamente com a Federação Maranhense de Futebol brigaram muito para conquistar esse espaço às duras penas e sem ajuda financeira. Nós não vamos aceitar isso e acredito que a CBF também não concorde com essa divisão que estão tentando impor. Eu não tenho a menor dúvida quanto à força das equipes da Bahia e Pernambuco, mas nós não podemos e não vamos aceitar nenhum tipo de mudança que possa colocar o futebol do Maranhão em segundo plano. Estamos atentos a esse movimento e não aceitaremos nada que prejudique o nosso futebol.

Hans Nina, presidente do Moto Club

Hans Nina - presidente do Moto Club (Foto: Guillbert Silva / Moto Club)Hans Nina, presidente do Moto Club (Foto: Guillbert Silva / Moto Club)

– Fica evidente a intenção de algumas federações tentarem mudar as regras do jogo com essa situação na Copa do Nordeste sempre que um time de seu estado fica de fora. Isso já aconteceu com o Santa Cruz, quando não se classificou, e a federação lá tentou tirar times do Maranhão e Piauí para incluir seu filiado, e agora acontece a mesma coisa por conta do Ceará. Infelizmente é uma postura que se deve repugnar. O nome é Copa do Nordeste, se eles quiserem outra coisa, que façam um torneio só entre eles três.

França Dias, presidente do Maranhão

– Se mudasse daquele jeito para o Maranhão perder uma vaga, seria um atraso para o futebol. Seria uma ducha de água fria no estadual, pois os times disputam o campeonato também para conseguirem as vagas para a Copa do Nordeste e Copa do Brasil, que são competições mais interessantes financeiramente. Por isso, não podemos perder o que já conquistamos.