Ter diploma universitário aumenta as chances de tumor no cérebro.

Empregos mais intelectuais também foram associados com risco maior de câncer

POR Ana Carolina Leonardi
Se você costuma dizer que quebrou a cabeça em quatro anos de faculdade, existe mais verdade nessa frase do que você imagina. Um estudo acompanhou 4,3 milhões de pessoas por 17 anos e encontrou uma forte relação entre educação superior e o desenvolvimento de diferentes tipos de tumor cerebral.

A pesquisa, feita pela Universidade College London e o Instituto Karolinska na Suécia, descobriu que homens que cursaram pelo menos 3 anos de faculdade têm uma chance 19% maior de desenvolver glioma do que as que só completaram o ensino básico. Esse tipo de tumor é canceroso e atinge as células da glia, que ajudam a nutrir os neurônios.

Nas mulheres diplomadas, o risco de glioma era 23% maior. Elas também apresentaram uma tendência maior de desenvolver meningioma, que aparece nas meninges, tecidos que proteger a medula espinhal.

O tipo de profissão também apareceu como um indicativo de risco de tumor cerebral. Para homens com cargos médios e altos em trabalhos não-manuais, como de gerência, o risco de glioma era 20% maior do que para quem trabalha com a mão na massa.

A chance de desenvolver neuroma acústico também era 50% maior nos homens. Esse tumor na maioria das vezes é benigno, e afeta o nervo auditivo, prejudicando a audição e o equilíbrio. Para as mulheres gestoras, o risco de glioma era 26% superior e o de meningioma crescia 14%.

 

Além da educação e da vida profissional, os cientistas descobriram que homens casados tem um risco levemente maior de desenvolver tumores que os solteiros. Já para as mulheres, o estado civil não faz diferença.

Dos mais de 4 milhões de suecos, 5.735 homens e 7.101 mulheres desenvolveram alguma forma de tumor cerebral ao longo do período da pesquisa. Os pesquisadores dizem que não dá para afirmar uma relação de causa e consequência entre o diploma e o tumor. Pode ser, por exemplo, o contrário – pessoas geneticamente mais predispostas a desenvolver esse tipo de doença também tenham uma tendência maior a cursar o ensino superior. Mas uma coisa eles garantem: os dados são consistentes, a amostra é enorme e o acompanhamento foi longo. A relação entre o cérebro estudioso e o tumor existe – só falta pesquisa para entender exatamente como ela funciona.