Milionário excêntrico esconde tesouro de US$ 2 milhões e deixa 9 pistas em poema.

Pistas para encontrar tesouro estão em texto publicado em livro de memórias.

Centenas de objetos de ouro incrustados com rubis, oito esmeraldas, duas safiras do Ceilão, muitos diamantes, duas antigas esculturas chinesas de jade e pulseiras de ouro pré-colombiano.

É assim que o comerciante de arte e ex-piloto Forrest Fenn descreve o tesouro que ele diz ter escondido nas montanhas do condado de Santa Fé, no Estado americano do Novo México.

Fenn, que tem 82 anos e fama de excêntrico, afirma que os objetos podem valer até US$ 2 milhões (R$ 6,4 milhões) e que as nove pistas para encontrá-los estão em um poema de 24 versos publicado em seu livro de memórias.

Fenn calcula que, nos últimos cinco anos, por volta de 65 mil pessoas tentaram encontrar o cofre de bronze no qual ele guardou o tesouro.

E enquanto mais e mais pessoas juntam suas barracas e equipamentos de montanhismo para sair em busca da fortuna, críticos acusam Fenn de incentivá-las a colocar suas vidas em perigo.

Além disso, afirmam que a história não passa de uma estratégia do milionário para vender mais livros.

O desafio já levou a operações de resgate – um caçador do tesouro, por exemplo, está desaparecido há seis meses.

As pistas

O livro de Fenn, Thrill of the C hase (ou “O Prazer da Caçada”, em tradução livre), está à venda por US$ 35 (R$ 113) nas lojas do Novo México e aparece na lista dos mais vendidos nas livrarias locais.

Uma curta sinopse diz que a obra conta “a incrível história real de Forrest Fenn e de um tesouro escondido, oculto em algum lugar nas montanhas de Santa Fé”.

“O livro contém pistas sobre a localização do tesouro”, afirma o texto promocional.

Mas qual seria a motivação de Fenn?

“Fazer com que as pessoas saiam de seus sofás”, declarou o colecionador em um blog que compila informações sobre a história.

Ele também disse que está muito feliz porque as pessoas começaram a sair em busca do tesouro quase imediatamente após a publicação da obra.

“Estou mais do que satisfeito com a forma como (o livro) foi recebido. Muitos o leram várias vezes, buscando pistas adicionais ou sinais que os ajudem na busca”, escreveu Fenn no blog.

Thrill of the C hase foi publicado pelo próprio autor em 2010 – não há dados oficiais sobre a tiragem

A caçada ao Tesouro

Fenn disse receber centenas de e-mails por dia contendo perguntas sobre o tesouro, mas que responde a apenas uma mensagem por semana.

As respostas, no entanto, podem ser mais incompreensíveis do que as pistas incluídas no poema.

O que se sabe até agora é que o cofre está situado em um local a não menos do que 13 quilômetros de distância de Santa Fé, entre as montanhas, e mais de 1,5 mil metros acima do nível do mar.

“Os caçadores me falam genericamente sobre os locais que exploraram. Não sei se alguém esteve perto do tesouro”, disse o autor.

Nas redes sociais, alguns usuários vêm compartilhando fotografias de suas tentativas de encontrar o tesouro – alguns dizem ter passado até três anos em busca do cofre de bronze.

Mas também há críticos que questionam a existência do tesouro ou que especulam se a história toda não seria, na verdade, uma forma de incentivar as pessoas a valorizarem os recursos naturais.

Desaparecido há seis meses

Mas nem tudo é diversão e aventura no desafio inventado por Forrest Fenn.

O departamento de buscas e resgates do Novo México informou à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que há casos de pessoas que se perderam nas montanhas de Santa Fé enquanto procuravam pelo tesouro.

O mais grave foi o de Randy Bilyeu, que está há mais de seis meses desaparecido – não há notícias sobre ele desde o dia 4 de janeiro, quando se despediu dos familiares.

Linda Bilyeu, esposa de Randy, afirmou que ele viajou para o norte do Novo México “em busca de seu sonho”: procurar e encontrar o tesouro de Fenn.

“Sair à procura do tesouro não foi uma decisão sábia, mas… agora nossa missão é encontrar Randy e não vamos parar até conseguirmos”, disse ela.

O serviço florestal de Santa Fé informou à BBC Mundo que desde então a polícia, o departamento de buscas e resgates, voluntários e outras equipes vêm tentando encontrar Bilyeu.

Segundo as autoridades locais, tem havido muita imprudência na caça ao tesouro de Fenn. Mas isso não parece preocupar o autor do desafio.

“Aplaudo os que perseveram nas buscas e desfrutam do que a natureza tem a oferecer. O lugar onde deixei (o tesouro) não é perigoso. Com 85 anos, eu seria capaz de voltar lá e recuperá-lo”, disse.

Na opinião dele, “qualquer lugar pode ser perigoso para qualquer pessoa que desrespeite as regras do senso comum”.