Já havia feito e refeito meus planos várias vezes: estudar para o vestibular, concluir o ensino médio e garantir uma vaga na universidade pública. Mas, infelizmente, todos os dias vejo esses planos indo por água abaixo. Já são quase dois meses em que não piso no Colégio e nem sei quando isso será possível.
Os professores se encontram em greve juntamente com os servidores públicos de outras áreas, e somente nesta segunda (19) o Governo do Tocantins apresentou uma proposta que será analisada e, segundo conversas, tem pouca chance de ser aceita pelos grevistas, prolongando ainda mais a greve por um período indeterminado.
Todo santo dia me deparo com o mesmo dilema: se os jovens são o futuro do país, que futuro teremos? Qual será a qualificação dos profissionais? Como seremos cidadãos de um país avançado se o caminho para se chegar a tudo isso não está sendo percorrido?
Atualmente estou ainda mais indignada com o tratamento que nós, jovens, recebemos do governo. Umas poucas migalhas para educação, saúde e segurança. Direitos básicos pelos quais a sociedade paga através de seus impostos que, convenhamos, são bem altos e nem ao menos recebemos um tratamento digno.
As escolas são um retrato do desprezo, a saúde evidencia o descaso e a segurança nem precisa de argumentos, basta olhar o número de jovens mortos todos os anos, vítimas da violência.
Principalmente nós, jovens de classe média baixa, a tão famosa ‘massa’, somos os que mais sofremos. O filho do lavrador, da faxineira, do pedreiro, do vendedor ambulante.
O que sinto é vergonha. Vergonha desses governantes corruptos, sem caráter, que destroem nosso futuro e embolsam o único recurso que pode permitir a um filho de pobre ser alguém na vida: a EDUCAÇÃO.
*Bianca Siqueira, estudante do 3° ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Manoel Vicente Souza.