58% dos brasileiros não pretendem aumentar gastos com o presente de Dia das Crianças; gasto médio total será de R$ 222, mostram SPC Brasil e CNDL.

Situação financeira ruim e endividamento são as principais razões

para os consumidores que pretendem consumir menos. 30% admitem

gastar mais do que podem com o presente. Quase metade dos adultos

são pressionados pelas crianças para a compra.

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Má situação financeira, endividamento, aumento da inflação e instabilidade econômica.

A conjuntura atual fez com que essas sejam as principais justificativas para quem

pretende gastar menos com os presentes de Dia das Crianças de 2016, se comparado ao

ano passado. Uma sondagem feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e

pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em todas as capitais,

mostra que aproximadamente 57,8% esperam gastar menos ou o mesmo valor com os

presentes em relação a 2015. Mesmo entre os 28,0% que têm a intenção de gastar mais,

a principal razão para isso é o aumento dos preços dos produtos (31,2%).

Neste ano, a maior parte dos entrevistados (28,2%) irá gastar entre R$ 101,00 e R$

300,00, sendo que o valor médio total gasto com os presentes será de R$ 221,61 –

32,6% ainda não decidiram quanto irão gastar no Dia das Crianças. A maioria dos

brasileiros (44,3%) pretende comprar três ou mais presentes para a data comemorativa.

Em relação à forma de pagamento, os consumidores mostraram preferência pelo

pagamento em dinheiro (44,6%), em especial os mais jovens (57,1%), as mulheres

(53,1%) e os consumidores das classes C/D/E (50,8%). Cerca de 37,0% pagarão no

cartão de crédito, seja à vista ou parcelado e, para as compras realizadas a prazo, serão

feitas quatro parcelas, em média.

Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, os resultados de vendas de todas as

datas comemorativas de 2016 refletem o cenário econômico recessivo que o Brasil

atravessa e seus impactos no poder de compra dos consumidores. “A sondagem

referente ao Dia das Crianças dá ao varejo um direcionamento do que podemos esperar

para o Natal, data comemorativa mais importante do comércio”, explica Pinheiro. “Tal

apuração torna-se ainda mais importante diante do atual contexto econômico, em que

persistem incertezas tanto por parte dos consumidores quanto dos empresários.”

De acordo com o levantamento, 29,3% dos consumidores dizem que a situação

financeira continua a mesma em relação ao ano passado, 30,5% acreditam que a

situação melhorou e para 39,8% ela piorou, devido à queda da renda, desemprego ou

dívidas. “Com base neste contexto, espera-se para o ano de 2016 que o resultado do Dia

das Crianças seja um pouco melhor do que em 2015, ano em que a crise econômica

atingia seu auge. Apesar disso, o panorama não é de todo animador, refletindo o cenário

de recuperação ainda incerta da economia, que leva o consumidor a manter alguma

cautela frente a seus gastos”, analisa o presidente.

30% gastam mais do que podem para presentear no Dia das Crianças

A sondagem mostra que parte significativa dos entrevistados (29,8%) afirmou ter o

costume de gastar mais do que pode para comprar presentes para o Dia das Crianças –

8,9% da amostra afirmou ainda que deixará de pagar alguma conta para comprar

presentes e 9,9% afirmaram estar com o nome sujo ou ter ficado devido a compra de

presente de Dias das Crianças de 2015.

Quatro em cada dez consumidores (38,4%) que irão presentear na data comemorativa

têm alguma conta em atraso atualmente e 34,2% afirmam estar com o nome sujo. “A

piora da economia ao longo do ano, com o aumento do desemprego, a inflação ainda

elevada e o crédito mais restrito, exerceu forte impacto sobre o consumidor, que já está

com as finanças prejudicadas e tem que honrar os compromissos para não ficar com o

nome sujo ou piorar a sua situação”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque

Pellizzaro.

Quase metade dos adultos são pressionados para a compra dos presentes

Em 2016, os produtos preferidos para presentear no Dia das Crianças são roupas

(42,8%), bonecos e bonecas (36,5%) e jogos educativos (24,8%). Em relação a quem

decide o presente a ser comprado, 40,9% afirmam escolher sozinhos e 30,8% decidem

em conjunto com a criança.

A pesquisa do SPC Brasil e da CNDL mostra que 45,1% declaram haver pressão da

criança para comprar o presente, e 25,9% acabam cedendo e comprando o presente que

ela deseja. “É grande o apelo emocional sofrido pelos adultos na hora de comprar o

presente de Dia das Crianças. A pressão nesse momento pode acabar levando o

consumidor a ceder e gastar mais do que sua realidade financeira permite, perdendo o

controle sobre as contas”, explica o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.

Para ele, algumas estratégias podem ser adotadas pelos adultos quando o assunto é a

compra de presentes para as crianças: “Antes de sair para as compras é essencial que o

consumidor analise suas contas e defina com clareza o quanto pode gastar, se

planejando para que a data comemorativa não o leve ao descontrole das finanças. A

pesquisa de preços também pode ser uma grande aliada, fazendo com que o presente

caiba no orçamento”. Segundo Vignoli, o momento também pode ser aproveitado para

conversar sobre educação financeira com as crianças: “Caso o orçamento não permita

que seja comprado exatamente o que a criança deseja, a conversa pode ser uma boa

opção para explicar as possibilidades financeiras da casa, procurando presentes

alternativos.”

Shopping center é o principal local de compra

O shopping center se destaca como o principal local de compra para o presente de Dia

das Crianças, para 52,3% dos entrevistados. Logo em seguida estão as lojas de

departamento (32,2%), internet e lojas virtuais (25,5%) e lojas de rua (25,0%). O preço

(60,3%) e as promoções e descontos (57,0%) são os principais motivadores na hora de

entrar na loja e realizar a compra. A maior parte dos respondentes (81,0%) afirmou que

irá realizar alguma pesquisa de preços antes de comprar seu presente.

O levantamento mostrou que a maior parte dos entrevistados deixará a compra do

presente para o mês de outubro: 52,8% farão a compra na primeira semana do mês, e

12,6% admitem que comprarão o presente no final de semana anterior ao Dia das

Crianças. O principal local para comemorar a data é em casa (43,2%), seguida pelo

shopping (14,2%).

Metodologia

A pesquisa do SPC Brasil e da CNDL serve de termômetro para o mercado varejista e

revela como o consumidor brasileiro deve consumir no Dia das Crianças. Para isso,

foram ouvidos 603 consumidores de todas as capitais com idade igual ou maior a 18

anos, gerando um erro máximo de 4,0 pontos percentuais e confiança de 95%.