Dados do Ministério da Saúde apontam incremento de novas infecções entre pacientes do sexo masculino e queda entre as mulheres nos últimos anos. Taxa de transmissão de mãe para filho cai 36%.Números divulgados nesta quarta-feira (30/11) pelo Ministério da Saúde revelam que o número de casos de HIV/aids tem aumentado entre os homens no Brasil. Enquanto, em 2006, a razão era de 1 caso em mulher para cada 1,2 caso em homens, em 2015, o cenário passou a ser de 1 caso em mulher para cada 3 casos em homens.
Os dados são do Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2016, divulgado pelo Ministério da Saúde por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro.
Já os casos de aids em mulheres apresentam queda em todas as faixas etárias, sobretudo entre as que têm de 25 a 29 anos. Em 2005, eram 32 casos para cada 100 mil habitantes. Em 2015, esse número chegou a 16 casos por 100 mil habitantes.
Já entre jovens do sexo masculino, houve um incremento de casos em todas as faixas etárias. Dos 20 aos 24 anos, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos para cada 100 mil habitantes em 2005 para 33,1 casos em 2015.
Queda na transmissão de mãe para filho
A taxa de detecção de aids em menores de cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos por 100 mil habitantes, em 2010, para 2,5 casos por 100 mil habitantes, em 2015. A taxa em crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da chamada transmissão vertical do HIV.
“A redução de 36% na transmissão de mãe para filho foi possível graças à ampliação de diagnósticos, que promovemos nos últimos anos, aliada ao reforço na oferta de medicamentos para as gestantes”, explicou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
“O caminho para o fim da epidemia, é o início da vida sem HIV e aids. Os dados apresentados pelo Brasil na redução da transmissão vertical são parte do trabalho de enfrentamento da situação em todo o mundo”, disse Georgiana Braga-Orillard, diretora do Unaids Brasil (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids). Segundo ela, desde 2000, a queda da transmissão vertical evitou a morte de 1,6 milhão de bebês em todo o mundo.
Jovens são os mais vulneráveis
Os números mostram que jovens de 18 a 24 anos permanecem como o grupo mais vulnerável à aids no país. Apesar de o diagnóstico tardio ser menor nessa faixa etária, entre os que são soropositivos, 74% buscaram algum serviço de saúde, apenas 57% estão em tratamento e 47% tiveram carga viral suprimida.
Ricardo Barros avaliou que os jovens, de modo geral, não mantêm o hábito de frequentar unidades de saúde. Ele lembrou que o grupo é “de difícil convencimento”.
“Eles se acham saudáveis e são mesmo. Mas não sentem que precisam ir ao posto de saúde se proteger”, disse. “Mesmo nas campanhas para vacinação nas escolas, a recusa é muito grande”, exemplificou.
De acordo com o novo boletim epidemiológico, 827 mil pessoas vivem com HIV/aids no Brasil. A epidemia no Brasil está estabilizada, com cerca de 41,1 mil casos novos ao ano.