Gestor irresponsável! Governo continua deixando crianças sem leito em hospital infantil

A denúncia de uma mãe que sentiu na pele a insuficiência de leitos no Hospital Infantil de Palmas (HIP), devido à superlotação da unidade, alertou a população sobre os problemas na saúde pública do Estado. A filha de Ester Araújo Silva, de 7 anos, foi picada no pé por uma cobra falsa coral, na noite da última segunda-feira, em Divinópolis, a 125 km de Palmas, e recebeu atendimento improvisado, ou seja, passou a noite deitada num banco de madeira ao invés de maca. Logo na recepção da unidade é possível ver macas no corredor de entrada. Ester contou ter procurado antes o Hospital de Paraíso, porém não conseguiu atendimento. Ela fez um vídeo mostrando a situação do HIP. Segundo ela, o banco foi retirado do fundo do hospital e provavelmente seria utilizado por acompanhantes de pacientes.

Ontem, o JTo voltou ao HIP. “No corredor que minha filha está internada não tem esses bancos de madeira, mas vi mães em cadeiras segurando os bebês doentes porque não tinha maca. Depois da notícia, o hospital esvaziou um pouco, mas continua cheio”, contou a auxiliar de produção Fernanda Costa, que está com a filha internada devido a um tumor. Ela aguarda um laudo de exame realizado em Araguaína, cidade onde mora, para conseguir a transferência da filha para Barretos (SP). A autônoma Cleunice Teles, 47 anos, também reclamou. “Eu acho que estão recebendo porque não tem opção. Do tratamento não tenho o que reclamar, mas tem 58 leitos e umas 80 a 85 crianças internadas, então alguns têm que ficar no corredor”, relatou a mãe.

Um funcionário, que não quis se identificar, contou que não há também maqueiro, e os enfermeiros que têm que transportar as macas, berços e camas do hospital. Segundo ele, a alimentação está precária, sendo que no café da manhã de ontem foram servidos apenas bolacha com meio copo de leite e está faltando fita micropore.

O presidente do Sindicato dos Profissionais da Enfermagem no Estado (Seet), Claudean Pereira Lima, demonstrou preocupação. “Nós vemos que o Estado nunca teve uma política a médio e longo prazo para gerir a saúde, agora que estou vendo as primeiras movimentações, mas o déficit de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) também existe, o de leito comum é preocupante”, afirmou.

Segundo o presidente, em meados de fevereiro o Seet teve reunião com o secretário Marcos Musafir, e diretores de hospitais cobrando segurança e alimentação. “A atenção básica tem papel primordial, mas é preciso que o governo trabalhe para conscientizar a população nessa assistência, fazendo com que apenas demandas maiores sejam encaminhadas para hospitais de pequeno e médio porte”.