Marcelo Odebrecht confirmou (em 1/3/17, ao corregedor da Justiça Eleitoral): deu R$ 150 milhões para a chapa Dilma-Temer em 2014; desse total, R$ 120 milhões foram por fora, de forma criminosa (e Dilma tinha ciência disso); uma parte por meio de caixa dois (incluindo os pagamentos “contaminados” ao marqueteiro João Santana – no México Dilma tomou ciência disso tudo).
Caixa dois é crime previsto no art. 350 do Código Eleitoral. Outra parte (R$ 50 milhões) foi propina mesmo (suborno, corrupção) paga ao PT a pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em troca da aprovação de uma medida provisória de parcelamento de impostos sonegados (refis).
Marcelo Odebrecht, ademais, confirmou o famoso jantar no Palácio Jaburu, no qual Temer pediu ajuda financeira para a campanha do PMDB. O próprio Temer não nega que fez pedidos nesse sentido, porém, “dentro da lei”. Marcelo acrescentou que não falaram em valores porque isso já estava acertado entre Padilha e Cláudio Melo Filho (executivo da empreiteira).
Este último esclareceu que foram R$ 10 milhões, em dinheiro vivo (por fora), sendo R$ 6 milhões para a campanha de Skaf em São Paulo (nada disso foi declarado para a Justiça Eleitoral) e R$ 4 milhões para Padilha.
Uma parte desses 4 milhões (R$ 1 milhão) “passou” pelo escritório de José Yunes, ex-assessor especial de Temer. Aí foi levado pelo doleiro Lúcio Funaro, que é amigo de Eduardo Cunha. José Yunes disse que o “envelope” passou pelo seu escritório a pedido de Padilha. E tudo ele comunicou para Temer (que sabia de tudo e que “reagiu com a serenidade de sempre”, ou seja, com a cumplicidade de sempre).
Como se nota, a responsabilidade de Temer é inafastável, no mínimo com apoio na teoria da cegueira deliberada (tal como aplicada restritivamente no caso Messi, na Espanha – ver artigo meu nesse sentido em luizflaviogomes.com).
A campanha Dilma-Temer (também de 2014) foi uma das mais criminosas de todos os tempos. A Odebrecht também pagou cerca de R$ 30 milhões para que fossem “comprados” os horários eleitorais de alguns pequenos e venais partidos (PRB, Pros, PCdoB, PP e PDT), que fazem parte da gatunagem (e da engrenagem) do sistema.
Como se vê, todas as “dinamites” possíveis já foram colocadas em todos os pontos estratégicos do edifício chamado Sistema Político-Eleitoral Corrupto. Está tudo pronto para a sua implosão. As bombas foram colocadas calculadamente nos seus pilares e os ponteiros do relógio estão se movendo. Está tudo preparado para que o prédio seja detonado, destruído, implodido, abrindo espaço para a reconstrução do país.
Resta saber se o TSE e o STF vão eticamente apertar o gatilho final (e implodir o sistema, o edifício) ou se vão se comportar covarde e cleptocratamente como cúmplices e lambe-botas do abominável sistema corrupto que governa a nação há séculos. Vão criar um novo jeito de fazer política e negócios ou vão mergulhar definitivamente o país num lamaçal de promiscuidade e decadência degenerativa.
A bomba-relógio, como se nota, está nas mãos do TSE e do STF. Se eles se conchavarem com o sistema, gerando uma escandalosa indignação na população, as “dinamites” (em sentido figurado, claro) vão para os seus pilares. Seus edifícios é que podem ser implodidos, reformulando-se completamente a Justiça brasileira mais rapidamente do que se imagina.
Fundamental (para a implosão do sistema) será a mobilização da cidadania vigilante. Se o povo indignado com a corrupção não protestar (pelas ruas e pelas redes), o grande “acordão” costurado pelo sistema vai deixar tudo como está. Ao covil de ladrões (políticos e empresários), interessa continuar roubando a população, com a garantia da impunidade proporcionada pelo foro privilegiado no STF.
Como se pode perceber, o povo também tem a bomba-relógio em suas mãos. Seja na forma de protestos, seja nas urnas com o voto faxina da cidadania vigilante, que significa faxinar os integrantes do sistema corrupto e colocar na presidência da República alguém com experiência e contundência no combate à corrupção, dentro do Estado de Direito, e que ademais seja assertivo na defesa da democracia, dos seus valores e das suas instituições, voltadas para a desconstrução das brutais desigualdades e injustiças do país.