O número de leitos de internação em pediatria clínica do Sistema Único de Saúde (SUS) e particular) no Tocantins diminuiu 12% nos últimos seis anos, ou seja, 53 leitos a menos, conforme análise da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base nas informações apuradas junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde.
Os dados são nacionais e apontam que mais de 10 mil leitos foram desativados na rede pública de saúde desde 2010 em todo o País. A população que utiliza o serviço público de saúde mais atingida no Tocantins foi a palmense, tendo em vista que dos dez leitos desativados entre 2010 e 2016, oito eram leitos do SUS e apenas dois da rede particular. Seguindo a tendência estadual, que dos 53 leitos, 45 também pertenciam ao atendimento público. Leitos de internação são destinados a crianças que precisam ficar em hospital por período maior que 24 horas.
A redução do número de leitos pode ter um impacto direto no atendimento, o que provoca atrasos no diagnóstico e retardo do tratamento da população. “Existe um número de leitos adequado para a população, tanto para os leitos destinados à internação clínica, para cirurgia, partos e pediatria, então quando você reduz, de certa forma põe em risco a população porque foi diminuída a disponibilidade de leitos por internação, então altera muito a saúde da população”, disse a presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Jussara Martins.
Segundo a presidente do CRM, há reflexo com a desativação dos leitos, como o retardo da internação eletiva e internação em local inadequado e em condições precárias.
O morador de Paraíso do Tocantins, a 63 km de Palmas, Vilton Alves da Silva, pode ser um exemplo do que a presidente afirma. Com uma filha de três anos com problemas no coração, no ano passado foi necessário que a criança ficasse internada 45 dias no Hospital Infantil de Palmas (HIP). “Tive dificuldades, tentei internar em Paraíso e não tinha vaga, então fomos encaminhados para o HIP, mas não foi tão fácil. Minha esposa esperou no corredor com minha filha no colo uns quatro ou cinco dias, sem cadeira, sem nada”, relatou. Na última quinta-feira eles vieram a Palmas para realizar exames do coração na filha, mas não conseguiram.
O filho do operador de máquinas Carlos Martins, 30 anos, de apenas dois anos e seis meses foi internado há dois dias com pneumonia. “Fomos atendidos logo, conseguimos uma maca no corredor, mas eu acho que está faltando leito, sim, porque o corredor não é um local adequado para estas crianças”, opinou.