Na luta pela vida, pequena Maria Júlia embarca para o RS e vai realizar cirurgia, depois que os Estados do Maranhão e Tocantins ter se negado a cuidar da mesma.

Pequena Maria Júlia, já na UTI aérea com a mãe no momento do embarque em Imperatriz, na madrugada deste domingo.

Determinação, força e superação, esse tem sido o combustível dos pais da pequena araguatinense, Maria Júlia de Araújo Cavalcante, de apenas 39 dias, que nasceu com cardiopatia congênita. O problema é uma anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação quando se forma o coração do bebê. Ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca.

Em Maria Júlia o problema foi descoberto logo ao nascer. No dia do parto, a bebê nasceu no Hospital Regional de Augustinópolis, sem oferecer condições para o tratamento, a unidade de saúde biquense, encaminhou Maria Júlia para um hospital público em Imperatriz-MA, pois no estado vizinho, a cirurgia é oferecida. Mas havia o problema da longa fila de espera para a realização do procedimento em São Luís, na capital.

José de Ribamar, pai da bebê

Foi ai então que a saga do pai  José de Ribamar Carvalho Júnior, se intensificou. Inconformado em assistir sua filha se debilitando diariamente e sem encontrar expectativas pelas vias normais, José de Ribamar, passou a buscar caminhos alternativos, como a Defensoria Pública, entidades e imprensa.

A luz começou a aparecer quando outros pais do estado do Tocantins, denunciaram na imprensa o descaso com fatos semelhantes e que bebês estavam morrendo nas filas sem nenhuma perspectiva. A partir das denúncias e não ver o Governo do Estado tomar nenhum tipo de medida para reverter o quadro, a senadora Kátia Abreu (PMDB), conseguiu 12 cirurgias do tipo, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, para tentar diminuir o processo de espera das famílias tocantinenses.

Após tomar conhecimento do anúncio da senadora, José de Ribamar, conseguiu contato com a Kátia Abreu e pediu a parlamentar uma das oportunidade. Segundo o pai, a senadora de imediato acatou o pedido e começou a se empenhar na providências. Uma delas foi se dispor a resolver um outro problema, a transferência de Maria Júlia, só possível via UTI aérea.

Como Maria Júlia, apesar de ser tocantinense, estar naquele momento sob responsabilidade de uma unidade hospitalar maranhense, a princípio o Governo do Tocantins, não estava disposto a fornecer o transporte aéreo, devido a regulação estar por conta do Governo do Maranhão. Com as várias dificuldades colocadas, José de Ribamar voltou a pedir apoio a senadora, que na quinta-feira, 13, voltou a entrar em ação e se dirigiu diretamente ao secretário estadual de saúde do Tocantins, Marcos Esner Musafir, que até aquele momento, ainda não tinha conhecimento do caso específico. Posteriormente o gestor autorizou a imediata cessão da UTI aérea.

Com o procedimento cirúrgico agendado para sábado, 15, começo uma luta contra o tempo, para conseguir a regulação junto a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC). Novamente José de Ribamar encontrou dificuldade e morosidade nos operadores do sistema, e teve de novamente solicitar apoio a senadora Kátia Abreu. Somente na tarde sábado, com intenso trabalho da parlamentar, a liberação foi feita e a cirurgia que já deveria ter sido realizada foi transferida para este domingo, 16.

Por das 4h30, deste domingo, a UTI aérea fornecida pelo Governo do Tocantins, chegou a Imperatriz e pouco tempo depois decolou com destino a Porto Alegre. A operação de Maria Júlia na Santa Casa de Misericórdia será realizada ainda neste domingo.