Sobre princípios, só mais uma coisinha…

Por mais de uma década, a Avaaz lutou para mudar leis, a política e nossos políticos — e tivemos grandes vitórias!

Mas ainda não é o suficiente.

A verdade é que existe algo muito mais poderoso que apenas leis e políticas: as pessoas. Nossas culturas, valores e crenças. Mas enquanto focávamos na política, o ódio e o medo promovido nas redes sociais e pelo Kremlin passou a influenciar as pessoas, e a mudar quem somos.

Uma grande disputa pela alma coletiva da humanidade está sendo travada — temos que escolher entre esperança e desespero, confiança e desconfiança, verdade e falsidade, medo e amor, desunião e unidade, entre a sabedoria e aquilo que se passa por sabedoria mas não é… Todos nós temos que escolher qual caminho seguir.

Conhecemos bem a tropa de choque que está do outro lado: os trolls. Pessoas com profundas feridas emocionais, dores e vergonhas, ou simplesmente indivíduos pagos para espalhar a discórdia e fazer bullying na internet. O fato é que eles estão espalhando veneno em escala industrial em nossa sociedade.

Mas não se trata apenas de um “nós contra eles”. Por quê? Porque nós também estamos do outro lado. Todos nós. E é aqui que a Avaaz entra.

Esse tipo de comportamento nocivo está em todo mundo e já destruiu muitas coisas que amamos. Nossas redes sociais, parte da imprensa, a política e até mesmo algumas de nossas relações afetivas e familiares mais importantes.

É de partir o coração. Mas nós vamos fazer de 2020 a década em que conquistaremos tudo de volta.

Vamos começar por nós mesmos, adotando uma série de princípios que seguiremos, online e offline, a partir de agora. Isso vai nos ajudar a lidar melhor com o nosso próprio “troll interior” e com comportamentos nocivos que temos, mas muitas vezes nem nos damos conta. Podemos mostrar ao mundo uma forma diferente de conviver (consultamos uma parte da comunidade e esses princípios tiveram forte apoio):



1. Desengatilhar
“Gatilhos” nos levam rapidamente ao estado de raiva e medo. Eles roubam nosso melhor potencial e revelam o pior de nós. Todos temos gatilhos que são ativados o tempo todo, mas se reconhecermos o problema, como por exemplo: “Isso é minha insegurança sobre isso ou aquilo”, conseguiremos parar de culpar os outros, de sermos venenosos ou agressivos e começaremos a agir com amor e sabedoria.

2. Escute sua sabedoria
Quando não estamos sob efeito de um “gatilho”, conseguimos escutar profundamente as perspectivas dos outros e as nossas, as emoções que sentimos no peito, a razão e aquela intuição que vem de dentro. Podemos escutar aquela voz interior silenciosa que harmoniza todos esses elementos e nos oferece uma palavra de sabedoria.

3. Ter ao mesmo tempo bondade E força
Bondade sem força pode virar covardia. E força sem bondade pode virar crueldade. Nós precisamos tanto de amor quanto de força, do “Yin” e “Yang”, para proteger com sucesso as coisas que temos em comum e que são preciosas para nós.

4. Parar a fofoca, buscar a verdade
Fake news, meias verdades, insinuações e desinformações motivadas pelas nossas emoções e interesses escusos podem despertar nosso pior lado. As pessoas são em princípio decentes, mas nós rapidamente caímos nas armadilhas de demonizar o outro para justificar as piores coisas que fazemos uns aos outros. Vamos nos esforçar para enxergar as pessoas não como vilãs e entender que a verdade é em geral muito mais complexa. Se esses princípios fizerem sentido para você, clique aqui para se comprometer com apenas um clique e compartilhe suas reflexões com outras pessoas que se sentem da mesma forma. Vamos nos apoiar e inspirar uns aos outros a praticar esses princípios da melhor maneira possível. Às vezes, basta um número pequeno de pessoas se comportando de determinada maneira para catalisar uma mudança muito maior. A Avaaz pode ser esse catalisador.

Imagine um mundo onde a maioria das pessoas concordam em seguir princípios como esses e foram bem sucedidas na maior parte do tempo. Podemos discordar em vários assuntos, mas o caráter dessa discordância pode ser diferente. Nosso convívio pode ser menos mesquinho, cruel e trágico e ser mais significativo e respeitoso. A humanidade ainda seria diversa e por vezes conflitante, mas ao mesmo tempo seríamos mais gentis.

Talvez, mais próximos do que somos destinados a ser.

Talvez esse seja o presente que ganhamos dos trolls que estão entre nós e habitam em nós, e até daqueles que estão no poder. Podemos olhar para eles e dizer: isso simplesmente não é quem somos,nem quem queremos ser. E, então, escutar aquela voz que vem de dentro, e usá-la para nos guiar em direção ao que somos destinados a ser uns para os outros.

Com esperança e amor,
Ricken e todo o time da Avaaz.