A sessão da Câmara Municipal de Imperatriz desta terça-feira, 09, foi marcada por homenagens póstumas ao vereador José Carneiro Santos, falecido na última sexta em decorrência da covid-19.
Os vereadores concordaram em não apresentar neste dia requerimentos, moções ou indicações, transformando a sessão de ordinária em Solene, dedicando uma parte do tempo regimental da sessão para relembrar o grande amigo, suas realizações e repassar isso aos seus filhos e viúva.
A sessão começou com um breve histórico de Buzuca, feito pela primeira secretária Cláudia Batista (PTB).
Na sequência, os amigos e familiares utilizaram a Tribuna. O assessor e amigo Giovane disse que falar de Buzuca era muito fácil, pois era um homem humilde, simples. O conhecia desde 2004 quando iniciou na política e que as homenagens mostram o carinho que todos tinham por ele. Pediu que os vereadores não esqueçam dos projetos do vereador para o Bairro Santa Inês e que estes não sejam esquecidos. Afirmou que terá sempre na memória e no coração tudo que ele fez pelo próximo, e em sua convicção na busca do bem comum.
O filho mais velho, Michel Douglas relembrou das lutas em busca das realizações de seu pai e que conseguiram vencer três eleições com grande dificuldade.
“Antes de ser entubado meu pai deixou uma carta, com compromissos que deveríamos cumprir, no meio ele disse que voltaria, mas não voltou”.
Falou da infância pobre de seu pai, em que ele quebrava coco babaçu para ajudar na sobrevivência da família. Foi engraxate quando veio para Imperatriz. Gostava muito de futebol, que por conta de um jogo que ele fez muitos gols, o dono da Paragás o chamou para trabalhar e que sempre os amigos de Praia Norte o questionavam de como ele, sendo uma pessoa de poucas condições, conseguiu virar vereador de uma cidade tão grande: Ele sempre respondia que era vontade de Deus.
Douglas disse que seu pai tirava de casa para ajudar os outros e recordou de um dia quando o pai assumiu o Cavalo de Aço e que um desconhecido começou a ofendê-lo, sem saber que seu filho estava do lado.
“Eu perdi o folego naquele momento, disse que era filho do vereador que ele estava falando mal e que seria impossível ele tirar algum dinheiro do time, pois o clube estava no vermelho: meu pai está tirando da mensalidade da minha faculdade, da escola da minha irmã, da conta de energia, do comércio dele, para colocar no cavalo.
Em 2015 depois de 10 anos meu pai fez a cidade toda ser feliz com um time quase rebaixado que virou campeão. Trabalhamos de graça, não ganhamos nada, apenas para ver ele feliz também. Imperatriz perdeu não só o Buzuca, perdeu um grande homem, um pai, um amigo e um alicerce de muitas casas. Não vou entender por que o senhor foi tão cedo, eu sinto muito a sua falta, te amo demais. Amem-se uns aos outros, pois há algumas semanas eu estava com meu pai e logo ele estava entubado, indo embora para sempre. Vou cuidar de tudo que o Senhor me pediu. Meu pai, meu herói, meu porto seguro, onde estiver saiba que nós o amamos muito”, disse em prantos.
Com voz embargada, Douglas se emocionou por várias vezes falando das diversas ações de seu pai em vida – o que fez todos ficarem comovidos – e pediu ajuda para no dia do aniversário de Buzuca (07 de abril), que os vereadores o ajudem a comprar e distribuir cestas básicas para pessoas carentes. Rogou para que Deus e os amigos possam dar força a sua família e agradeceu pela oportunidade de poder falar na Tribuna.
Alguns vereadores de forma remota, fizeram suas homenagens ao companheiro de parlamento. Antes das falas, foi exibido um pequeno vídeo com fotos e momentos marcantes dele na Câmara e em outros locais. O clima de emoção tomou conta de todos e terminou com uma salva de palmas dos presentes e através das transmissões.
O Presidente Alberto Sousa (PDT) afirmou que o Poder Legislativo não poderia deixar de realizar uma homenagem à altura de Buzuca, alguém que sempre foi amigo e um grande vereador. “Um momento muito triste, sem dúvida, mas tínhamos o dever de honrar a memória de uma pessoa que sempre lutou pelo desenvolvimento de Imperatriz e que estará sempre em nossos corações”, concluiu.
Sidney Rodrigues – ASSIMP
Fotos – Fábio Barbosa/Gidel Sena