Dados do Sebrae retratam panorama do empreendedorismo feminino até o
terceiro trimestre de 2020, ano difícil para as MPEs, porém de grandes
oportunidades.
Mãe de três filhos, visionária e alto astral. Assim é Mayara Chaves, uma jovem
empreendedora nata, que decidiu mudar de ramo para deslanchar na
pandemia.
Mas como? Em 2020, em um cenário de incertezas, com isolamento social e
empresas fechando as portas, apostar em um novo mercado seria mesmo
recomendável? Pois Mayara, não só mudou suas perspectivas e fechou uma
hamburgueria que tinha relativo sucesso, como partiu para um novo negócio – uma pipocaria gourmet, até então inexistente em Imperatriz/MA, segunda
maior cidade do Maranhão.
Com insumos selecionados e importados, sabor inusitado, a novidade encheu os
olhos da empreendedora, que se capacitou para produzir com qualidade e,
também, para gerenciar a empresa que acabava de nascer, fruto da experiência
de quem fez do empreendedorismo um projeto de vida. Assim nascia a
Chambéry.
“Quando começou a pandemia e as coisas foram se agravando, lancei mão de
algumas ferramentas que o Sebrae me oportunizou, chamando atenção para a
necessidade de uma pesquisa no mercado e do planejamento do negócio. Eu
consegui parar e observar o cenário e pude entender o que estava acontecendo.
Por mais que todos estivessem adotando o delivery, era precisava me
diferenciar, entender os desejos do consumidor e oferecer aquilo que ele
desejava. E o Sebrae me ajudou muito nessa caminhada”, revela Mayara.
Ela conta que observou no cenário adverso detalhes que fizeram a diferença.
“Percebi que o meu cliente poderia ser meu principal concorrente naquele
momento. Por quê? Porque enquanto todo mundo estava fazendo delivery, os
clientes em casa, confinados, usavam o tempo extra para aprender novos pratos
e até se aventurar na cozinhar. Então, meu produto, por se tratar de
hambúrguer, já havia pessoas aprendendo a preparar em casa. E isso dificultava
as vendas”, enfatiza ela.
Estudos de mercado foram o passo inicial, seguido da identificação de um
produto sob medida para o cliente. “Eu precisava pensar em algo que poderia
oferecer e levasse os clientes a pedir comigo e não fossem meus concorrentes.
E eu queria criar também uma coisa nova. E veio daí a ideia das pipocas
gourmet.
Durante a pandemia, Mayara fez um curso on-line de pipocas gourmet, com
uma das criadoras do produto e começou a trabalhar, descobrindo segredos, os
insumos mais adequados, embalagens. “Um produto totalmente novo no
Maranhão e com grande perspectiva de agradar a clientela. Eu me tornei o
primeiro estabelecimento do estado nesse segmento. Assim que eu lancei,
houve um boom e muitas pessoas quiseram conhecer o produto e saber os
segredinhos de como produzir com qualidade e sabor”, explica a
empreendedora.
Nessa trilha, Mayara contou com a ajuda do Sebrae para se preparar melhor, apostando nos cursos on-line, na capacitação permanente, no controle do
negócio, planejando o passo a passo para o sucesso.
“Estou trabalhando em um ramo relativamente barato, com custos menores do
que a hamburgueria e uma margem de lucro mais cômoda. Hoje, se
compararmos, isso se reflete na lucratividade do negócio. Tenho, agora, um
funcionário e consegui enxugar o meu negócio, inserindo um produto que me
proporcionasse essa condição. Tudo isso é resultado de muito planejamento e
das orientações do Sebrae, que nos permitem avaliar o negócio sob todos os
ângulos”, conta a empresária.
“O expressivo número de mulheres que empreendem no Maranhão, suas lutas
e anseios estão presentes na nossa agenda diária. O Sebrae tem sido um
parceiro efetivo dessas mulheres, apoiando-as para que atuem com uma gestão
mais eficiente, possibilitando acesso à inovação, tecnologia e ao mercado,
promovendo a qualificação, incentivando a formação de redes colaborativas e a
afirmação delas como seres construtores de suas próprias histórias. E isso, para
nós, é uma grande honra e um desafio permanente. Ao apoiar as
empreendedoras do nosso estado, estamos ajudando o Maranhão a crescer e se
desenvolver com base no empreendedorismo, valorizando as mulheres e
trabalhando pela igualdade e por respeito a elas, que são guerreiras”, assinala a
diretora de Administração e Finanças do Sebrae no Maranhão, Rachel Jordão.
Empreendedorismo feminino na pandemia
Empreendedoras como Mayara personificam as 263 mil donas de negócios
identificadas no Maranhão pelo Sebrae na pesquisa Empreendedorismo
Feminino no Brasil, que abrange dados até o terceiro trimestre de 2020, período
sob intenso impacto da pandemia de coronavírus. O sudeste concentra 43%
dessas mulheres (lideram o ranking, os estados de São Paulo, com 23%, e o de
Minas Gerais, com 9%).
A pesquisa aponta que, no terceiro trimestre de 2020, o Brasil registrava 25,6
milhões de Donos de Negócios, sendo destes 8,6 milhões de mulheres (33,6%) e
17 milhões de homens (66,4%). Revela também que no terceiro trimestre do
ano passado, a proporção de mulheres no comando de um negócio caiu quase
um ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2019.
O indicador vinha crescendo desde 2016 de forma bastante consistente. E a
explicação para a queda está na maior dedicação das mulheres às tarefas
domésticas em razão do isolamento social e dos cuidados com crianças e idosos
e a família, que se tornaram obstáculos à atividade empreendedora.
Inovação nos negócios
Embora mais prejudicadas pela pandemia, as mulheres mostraram-se mais
inovadoras. Dados de levantamento feito pelo Sebrae e Fundação Getúlio
Vargas – FGV apontam que as mulheres demonstraram maior agilidade e
competência ao implementar inovações em seus negócios.
De acordo com o levantamento, a maioria das mulheres (71%), faz uso das
redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos. Já o percentual
de homens que utilizam essas ferramentas é menor: 63%. Essa vantagem das
mulheres diante dos empresários também foi verificada no uso do delivery e nas
mudanças desenvolvidas em produtos e serviços.
“Esses dados mostram que os impactos econômicos da pandemia de Covid-19
atingiram as mulheres empreendedoras, freando um crescimento que se
verificava desde 2016, de elevação na representatividade das mulheres no
universo do empreendedorismo no país. E, ao contrário de nos desestimular,
esse fato nos incentiva a continuar lutando para apoiar as mulheres que,
corajosamente empreendem neste cenário, buscam inovar e surpreender o
mercado”, reflete Rachel Jordão.
Maranhão contabiliza 263 mil mulheres donas de negócios
No Maranhão, são 263 mil mulheres donas de negócios, atuando em uma região
onde o empreendedorismo feminino está no DNA de 24% das mulheres
ouvidas.
O recorte da pesquisa por estados aponta que no Maranhão, questões que
sinalizam desigualdade estão presentes no cotidiano das empreendedoras.
São exemplos, o quesito escolaridade, onde apenas 13% das donas de negócios
tem formação superior. Mas, no conjunto geral dos dados, esse traço aparece
com força: 78% são brancas e relativamente jovens (59% com idade até 44
anos); 56% são chefes de família, contra 46% da média nacional; 79% ganha até
1 salário-mínimo e só 13% são empregadoras e quando tem empregados, na
comparação com negócios comandados por homens, também estão em
desvantagem – 79% das maranhenses empregam de 1 a 5 pessoas. E, além
disso, 30% delas dedica mais de 40 horas semanais ao negócio, ainda tendo que
conciliar com a jornada familiar.
Uma das formas de contribuir para minimizar os efeitos dessas estatísticas foi o
Projeto Sebrae Delas Mulher de Negócios, executado no Maranhão em 2019 e
- Para a diretora de Administração e Finanças da instituição e grande
entusiasta da iniciativa, os resultados são significativos, tendo o projeto
mobilizado mais de 300 mulheres em São Luís, Imperatriz e Caxias em 2019 e
parte de 2020.
“O Delas foi um marco e o início de uma virada para muitas das mulheres
participantes, de ressignificação de seus negócios e para a compreensão de seus
papeis e possibilidades no mundo dos negócios e no plano pessoal. Sem dúvida,
uma iniciativa que trouxe novos horizontes para as empreendedoras
maranhenses”, conclui a diretora.
Voltado especialmente para as empreendedoras, o projeto Delas trouxe
incentivo e suporte ao empreendedorismo feminino por meio do
desenvolvimento de competências, networking, planejamento, acesso a
mercado, formação de redes de apoio, inovação e para a descoberta de muitas
vocações no universo feminino. Em 14 meses, dezenas de cursos, workshops e
consultorias beneficiaram mulheres maranhenses nos três municípios ajudando
na identificação e soluções de problemas e na integração das mulheres de
negócios do Maranhão.
Dados sobre o Empreendedorismo Feminino
Os homens estão mais endividados do que as mulheres: 38% deles têm
dívidas/empréstimos, mas estão em dia, contra 34% delas.
As mulheres são mais cautelosas em relação a contrair dívidas: 35% delas
disseram que não possuem dívidas contra 30% dos homens.
Em 2019, as mulheres dedicaram 10,4 horas por semana a mais que os
homens aos afazeres domésticos (IBGE)
A 9ª Pesquisa de Impacto do Coronavírus nos Pequenos Negócios mostra
que as mulheres empreendedoras foram mais prejudicadas do que os
homens no que diz respeito ao faturamento mensal (75% delas acusaram
diminuição contra 71% dos homens)”.
As mulheres, foram mais proativas do que os homens no lançamento de
novos produtos (46% delas passaram a comercializar novos
produtos/serviços, contra 41% dos empresários) e na presença digital
(76% delas fazem uso das redes sociais, aplicativos ou internet na venda
de seus produtos/serviços, enquanto 67% dos homens utilizam esses
canais).
Segundo dados da pesquisa GEM 2019, o Brasil tem 52 milhões de
empreendedores, sendo desse total 24 milhões de mulheres, com maior
concentração na faixa de 24 a 45 anos.
Dificuldades da mulher empreendedora ligadas à gestão e conhecimento
do mercado, conciliação de múltiplos papéis: dupla jornada, acesso ao
crédito, preconceito e discriminação baseada em estereótipos de gênero,
medo do fracasso, baixo investimento, educação desigual e falta de
estímulo.
Mais informações:
Assessoria de Imprensa do Sebrae no Maranhão
(98) 3216-6133
Central de Relacionamento Sebrae: 0800 570 0800