Governador do Maranhão quer mostrar quem manda agora no Palácio dos Leões e está disposto a não renunciar em 2026 para fazer o próprio sucessor.
A declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Othelino Neto (PCdoB), de que não pretende ocupar qualquer pasta do governo Carlos Brandão (PSB) em troca da retirada de sua candidatura de reeleição ao comando da Casa, deixou o mandatário do Estado desmoralizado perante aliados.
Cerca de duas semanas após inserir oficialmente a deputa diplomada Iracema Vale (PSB), que ainda nem tomou posse do mandato, em disputa pela presidência do Legislativo maranhense, Brandão conseguiu, no máximo, fragmentar a própria base, constranger aliados e caminha para terminar o mandato-tampão que recebeu do senador diplomado Flávio Dino (PSB), assim como começar o conquistado nas urnas sobretudo pela influência e popularidade de seu então mentor, com ainda menos crédito.
Apesar de, neste momento, ter capturado a ampla maioria dos 42 deputados estaduais da próxima legislatura, o governador do Maranhão ainda se empenha em derrubar qualquer objeção ao seu desejo de fazer a presidência da Alema, e utiliza a velha política do “toma lá, dá cá” em busca de um reacionário consenso absoluto.
A tentativa de impor força, porém, bate na muralha de Othelino Neto, que conta com o apoio aberto de Dino, conforme compromisso selado ainda na campanha eleitoral de 2022, que envolveu o abandono ao senador Weverton Rocha (PDT), então favorito ao governo do Estado, e entrada na cruzada do próprio Carlos Brandão ao Palácio dos Leões.
A ausência de apoio à sub judice Iracema Vale pelos deputados diplomados Carlos Lula (PSB) e Rodrigo Lago (PCdoB), que devem coordenar a tropa de choque dinista na Alema, por exemplo, mostra que a unidade em torno da candidata do governador enfrenta resistência do próprio Dino e que, até o dia 1º de fevereiro do ano que vem, data da eleição para a Mesa Diretora, os quase 30 votos que Brandão acredita ter arranjado para a parlamentar de primeiro mandato podem não aparecer.
Ao entorno mais próximo, Brandão tem repetido que jamais deu qualquer garantia de apoio a Othelino à presidência da Alema, e que o deputado está mais do que contemplado com a escalada imediata da esposa, Ana Paula Lobato (PSB), ao Senado. Aliados de Dino, já indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, porém, desmentem, e afirmam que Brandão descumpre o acordo combinado.
Em meio ao imbróglio, as movimentações do Palácio dos Leões sugerem que, por ora, Brandão não pretende romper com Dino, de quem depende para conservar boa relação com Lula e o Palácio do Planalto. Quer apenas que o ex-mandatário considere que não é mais a maior autoridade da gestão estadual, e que desde abril o Palácio dos Leões está sob nova chefia.
Apesar da tentativa de evitar um confronto mais duro, Brandão tem dito que não aceita ser desmoralizado e que, se for necessário, está preparado para afrontar, esvaziar e derrotar Dino, publicamente.
Além de sinalizar que não cumprirá promessas nem seguirá a orientação do ex-líder para o comando da Assembleia Legislativa, o governador maranhense tem indicado que não cederá as secretarias da Educação, Saúde, Cidades e Agricultura Familiar –definidas ainda na campanha das eleições de outubro que ficariam sob o controle de aliados de Flávio Dino.
A tendência é de que, no máximo, autorize a concessão apenas da primeira, mas somente se o designado for o próprio vice-governador diplomado Felipe Camarão (PT), a quem Brandão tem ignorado compartilhar decisões sobre o novo governo. Há ainda exigência do governador para que a formação do staff da pasta não sofra influência externa.
Reservadamente, o núcleo duro de Carlos Brandão tem dito que o mandatário não vai se submeter a nenhum capricho de Flávio Dino, e que ele está predisposto até mesmo a não renunciar ao cargo em 2026 para fazer seu próprio sucessor.
Fonte:Atual7