*Por Sandro Costa
Não é segredo para ninguém que as roupas passaram a estabelecer um status social e demonstrar personalidade nos últimos anos. Logo, o mundo mudou, e a moda também. Vivendo uma fase de transformação, o segmento fashion trouxe à tona o entendimento de que as roupas devem cumprir um propósito maior no armário, isto é, há um estímulo à inovação e o desenvolvimento de tecnologias, capazes de atender o novo comportamento do consumidor, que se preocupa com o bem-estar coletivo e o futuro do planeta.
Inúmeros foram os impactos deixados pela pandemia neste setor, ao passo que muitas empresas recorreram a empréstimos para sobreviver em função dos fechamentos repentinos e forçados de suas operações. Não à toa, quando olhamos para nossa realidade, essas dívidas foram capitaneadas, aumentando assim os juros e os próprios dividendos, que traz um reflexo negativo e elevado na geração de caixa.
Reunindo essas dívidas e a baixa oportunidade de operação neste ano, é possível observar um cenário de ineficiência operacional, ou seja, há mínima geração de caixa, principal indicador do varejo no Brasil e no mundo. Diante dos inúmeros desafios, observamos que a tecnologia tem auxiliado grandes e pequenos varejistas, com o intuito de impulsionar as experiências de consumo de moda digital.
Nesta linha, há dois pilares essenciais para o segmento de moda, são eles: eficiência operacional e novas receitas. Uma das principais dores do varejo é justamente o capital de giro empregado nos estoques, afinal quanto mais produtos disponíveis, menor ineficiência e chances de erro. Porém, isto custa caro em um mercado que cobra diariamente velocidade no desenvolvimento . Logo, os estoques necessitam de um giro mais veloz, que demanda eficiência operacional e, sobretudo, dados mais estruturados que embasam efetivamente a tomada de decisão.
Desafiar o estoque, isto é, trabalhar com coberturas menores que trazem mais velocidade e novos produtos com maior frequência, é um grande dilema para as empresas. Aliás, vale ressaltar que quando falamos de ineficiência operacional também nos referimos aos pontos de vendas e operações, independentemente se físicos ou online, não rentáveis. Tratam-se de lojas que apresentam baixa lucratividade ou até mesmo prejuízos, algo comum nas organizações que possuem capilaridade à nível nacional, sem apresentar igual eficiência em todos os pontos de venda.
A tecnologia está em prol das marcas, ao passo que elas integram beleza, funcionalidade e valor. Inúmeras ferramentas mapeiam e distribuem dados estruturados, que aprimoram a acuracidade das coleções, possibilitando assim de forma pragmática comprar menos e vender mais. Isto faz com que a Inteligência Artificial, por exemplo, potencialize a tomada de decisão a partir de embasamentos estatísticos que entregam além de velocidade, um produto mais aderente ao perfil do consumidor.
Outro ponto importante quando analisamos o atual cenário macroeconômico é a criação de novas receitas. Até a pandemia, o varejo de moda era alavancado basicamente pelas lojas físicas, representando mais de 90% das vendas. Porém, diante das inúmeras transformações, a aceleração do e-commerce ganhou destaque, principalmente por meio da omnicanalidade, onde o cliente se conecta com a marca, independente do canal.
Embora o segmento de moda ainda não faça uso massivo destas soluções ou canais, há inúmeros caminhos capazes de potencializá-los como a Recência, Frequência e Valor (RFV) da marca, identificando assim o produto certo, para o cliente certo e no momento certo, a partir do cruzamento de dados. A partir desta metodologia consagrada em outros mercados, o WhatsApp e o próprio CRM também aceleram a performance de vendas das empresas.
Portanto, ambos os pilares, aliado ao uso de tecnologias, trará mais produtividade, eficiência e acuracidade aos times. A IA é uma grande aposta para o futuro da moda, juntamente dos canais digitais e o marketing. Aliás, ferramentas como a Product Lifecycle Management (PLM), são fundamentais para a evolução do setor, porém há um ponto de atenção: cabe aos empreendedores apostarem em quais estão mais aptas para o desenvolvimento em escala e mais aderentes ao momento. Lembre-se: a cultura não pode ser um ofensor para uma transformação!
*Sandro de Oliveira Costa é CCO da uMode, startup que oferece soluções para Marcas de Moda com o objetivo de aumentar o impacto e a disrupção na forma de se vender produtos em escala, com menos sobras, mais margem e menos estoque. Atuando há mais de 30 anos como executivo de algumas das maiores empresas de moda do Brasil, Sandro reconhece as principais dores do mercado e, por meio da uMode, lidera a frente comercial.—