Especialista dá dicas de como driblar as dificuldades nas vendas nesse período
Em várias regiões do país, os primeiros meses do ano são marcados por mudanças meteorológicas, com a presença mais constante de chuvas. Durante esse período, são emitidos diversos alertas indicando possíveis temporais, que afetam não só a infraestrutura das cidades e a rotina dos trabalhadores, mas também impactam diretamente o comércio local. Na região Sudeste, por exemplo, um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que aponta que os prejuízos para o setor varejista nas maiores cidades podem chegar a R$ 203 milhões.
Wellitom Mattos, proprietário de uma loja de variedades, conta que por mais que haja um aumento nas vendas de guarda-chuva e capa durante esse período, no geral, é perceptível a queda no movimento e, consequentemente, no consumo de produtos durante os temporais. Ele destaca a dificuldade de acesso à loja, principalmente durante chuvas mais fortes. “Em dia de chuva, grande parte da população permanece em casa, o que significa que elas adiam a compra para outra ocasião”, completa o lojista.
Wellitom observa ainda outra mudança no comportamento dos clientes durante dias chuvosos: em vez de irem presencialmente à loja, eles costumam tirar dúvidas e se comunicar mais à distância, além de checar a disponibilidade dos produtos online. “A comunicação nesses casos é essencial para garantir que, em outro momento, quando o tempo estiver mais favorável, esses clientes decidam ir até à loja”, explica.
ECONOMIA
Em cidades como Imperatriz (MA), onde o varejo é uma peça-chave da economia, as perdas podem ultrapassar 20% em dias chuvosos, segundo estudos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Além disso, alagamentos e problemas no transporte público intensificam a queda no movimento.
Alex Lamarques, administrador e professor do Núcleo de Negócios da faculdade Facimp Wyden, explica que as fortes chuvas afetam diretamente o fluxo de consumidores em lojas físicas, principalmente nos setores de moda e alimentação. “Setores que dependem da presença física do cliente são os mais atingidos. Exemplos incluem lojas de roupas e calçados, bares e restaurantes. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o setor de vestuário pode registrar quedas superiores a 15% no faturamento durante os períodos de chuvas intensas. Já bares e restaurantes sofrem com a redução do público, mesmo quando há a alternativa do delivery”, explica o especialista.
Entre os principais fatores que justificam essa queda significativa nos lucros durante temporais estão a dificuldade de deslocamento devido a alagamentos e congestionamentos, o desconforto de sair de casa sob chuva e a insegurança relacionada a acidentes. Além disso, o clima chuvoso tende a desestimular compras por impulso, levando os consumidores a priorizarem itens de primeira necessidade.
ALTERNATIVAS
O professor da Facimp Wyden recomenda o investimento em e-commerce e delivery. “Promoções exclusivas para compras online e sistemas de entrega rápida podem compensar a queda no movimento das lojas físicas, garantindo ao cliente a comodidade de receber os produtos em casa”, explica.
Outra estratégia é criar campanhas temáticas, como ‘Descontos em dias chuvosos’, incentivando o consumo. “Além disso, melhorias na estrutura da loja, como estacionamento coberto ou empréstimo de guarda-chuvas, tornam o ambiente mais convidativo”, finaliza o especialista.