Cerca de 40% dos adultos ronca ao dormir; condição pode indicar problemas de saúde
Dormir é uma atividade silenciosa? Não para todo mundo. De acordo com a Associação Brasileira do Sono (AOS), cerca de 40% das pessoas adultas sofrem com o ronco. Embora muitas pessoas o considerem apenas uma característica incômoda do sono, ele pode ser um sinal de que algo mais sério está em jogo. Estar acima do peso, ingerir álcool e até outras questões mais sérias, como a hipertrofia das amígdalas, podem estar por trás desse barulhinho (ou barulhão) ao dormir. Ou seja, quando o fluxo de ar nas vias respiratórias é obstruído durante o sono, fazendo com que os tecidos da garganta vibrem, é sinal de que o ronco está dando “oi” no seu organismo.
Algumas questões de saúde podem estar presentes no seu corpo junto com essa característica, por isso é importante estar em alerta. “Obesidade, consumo de álcool, uso de sedativos e algumas anormalidades anatômicas, como por exemplo, hipertrofia das amígdalas ou adenoides podem contribuir para essa obstrução. Esses mesmos fatores de risco estão associados à Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), um distúrbio do sono”, afirma a especialista em sono e professora de Biomedicina da Idomed Fameac, Milca Morais.
Segundo a professora, alguns estudos indicam que a obesidade é realmente um fator de risco significativo para a SAOS. “Entre as pessoas obesas, 70% apresentam apneia ou hipopneia do sono, subindo para 80% entre obesos mórbidos. Além disso, a síndrome da apneia do sono está frequentemente correlacionada a comorbidades como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico”, explica Milca.
Mas existem formas de descobrir o que há por trás desse som. “Para investigar a saúde de uma pessoa que ronca frequentemente, recomenda-se uma avaliação clínica detalhada, com um médico da área; caso necessário, pode ser realizado um exame mais específico, a polissografia, que é o exame padrão ouro para o diagnóstico de SAOS. Além disso, alguns questionários podem ser utilizados para a triagem dos sintomas. A identificação e o tratamento adequados do ronco e da SAOS são essenciais para prevenir complicações associadas, como doenças cardiovasculares, acidentes vasculares encefálicos e comprometimento cognitivo”, ressalta a especialista.
A especialista explica que mudanças no estilo de vida também podem ajudar, e muito, a reduzir e até mesmo cessar o ronco. Confira.
- Perda de peso: “A redução de peso diminui a quantidade de tecido adiposo na região do pescoço, reduzindo a obstrução das vias aéreas durante o sono, que é uma das causas do ronco”, afirma Milca;
- Evitar consumo de álcool e sedativos antes de dormir: “Essas substâncias relaxam a musculatura das vias aéreas, aumentando a probabilidade de ronco. Evitar seu uso nas horas que antecedem o sono pode reduzir significativamente o problema”, complementa;
- Praticar exercícios físicos regularmente: “A atividade física melhora o tônus muscular geral, incluindo os músculos das vias aéreas superiores, contribuindo para a redução do ronco”, explica;
- Aplicar as estratégias de higiene do sono para a melhora de sua qualidade;
- Adotar posições adequadas para dormir: “Dormir de lado pode prevenir o colapso das vias aéreas e, consequentemente, o ronco”, finaliza a profissional.
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