STF mantém em sigilo viagens de Ministros em aeronaves da FAB e ignora prazos legais

STF Oculta Viagens de Ministros em Aeronaves da FAB Desde 2023

Supremo Tribunal Federal (STF) tem mantido em sigilo informações sobre viagens de ministros em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) desde 2023. Além disso, o Tribunal desrespeitou prazos legais ao responder com atraso a dois pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação (LAI), conforme revelou o jornal Folha de S.Paulo neste domingo, 11.

Apesar de solicitações realizadas em fevereiro e março de 2025, o STF não esclareceu quais magistrados utilizaram os voos e tampouco revelou a lista de passageiros. A resposta oficial só foi enviada após questionamento direto da imprensa.

FAB divulga apenas as viagens realizadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF. Ainda assim, os registros disponíveis no site são incompletos e não incluem a identificação dos acompanhantes.

As demais viagens foram classificadas como “à disposição do Ministério da Defesa”, um artifício previsto em decreto de 2020, que permite que autoridades viajem sob a justificativa de “segurança”, sem a devida prestação de contas.

Segundo o Ministério da Defesa, entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2025, ministros do STF realizaram ao menos 154 voos com essa classificação. Mais de 70% dos voos transportaram apenas um magistrado.

Falta de Padrão de Transparência Agrava Crise de Imagem

ausência de uniformidade na divulgação dos dados compromete a imagem do STF em um cenário político já delicado. O advogado Bruno Morassutti, da ONG Fiquem Sabendo, critica a falta de transparência:

“O STF perde muito em não dar transparência adequada a essas informações. Prejudica a imagem da instituição desnecessariamente num momento politicamente sensível”, afirmou.

Embora a legislação determine que toda informação classificada como sigilosa deva ter um nível de classificação (reservado, secreto ou ultrassecreto) e um prazo de validade, o STF ignorou essas exigências.

Além disso, o site da Corte, que deveria listar os dados sob sigilo, informa que não há registros ocultos, o que configura uma contradição flagrante.

STF Só Respondeu Após Pressão da Imprensa

Lei de Acesso à Informação estabelece um prazo de cinco dias úteis para respostas a recursos. No entanto, a assessoria de comunicação do STF só respondeu ao pedido da Folha de S.Paulo depois de ser pressionada diretamente, ultrapassando em mais de um mês o prazo legal.

Nas respostas padronizadas, a Corte citou um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), que autoriza o sigilo em viagens que coloquem “em risco a segurança de autoridades”. Contudo, o STF omitiu o grau do sigilo adotado e evitou fornecer informações sobre as viagens dos demais ministros.

Fonte:Contrafatos