Em época de Lava-jato, em que vemos uma quantidade considerável de políticos e empresários ligados a políticos presos e outros investigados, pode-se até ter uma sensação de que a política está em pleno processo de moralização. Mas, infelizmente estamos enganados.
Essa luz no fim do túnel que pensávamos ser novo o raiar de um novo Brasil, nada mais é do que as chamas do forno da pizzaria da justiça brasileira. Por mais que haja um empenho da polícia federal em investigar e prender os culpados de corrupção em todos os setores da administração pública, há uma parte do judiciário que não está nem um pouco contente com essa disposição em prender esses corruptos. Enquanto a PF prende, o STF concede perdão de pena a condenados. A ligação dessas concessões ao último aumento de salário, abusivo, diga-se de passagem, talvez seja justa. Essa condescendência do judiciário com as imoralidades cometidas por agentes públicos fortalece o sentimento de impunidade, chancela a corrupção, e assim reconhece que o crime compensa.
Tomemos por exemplo o excelentíssimo senhor governador do estado do Tocantins, Marcelo de Carvalho Miranda, que, mesmo com vários processos, conseguiu o direito a candidatar-se. Com isso, a justiça deu o aval para que continue com a prática, e parece que está sabendo aproveitar a permissão do judiciário e está prestes a sofrer um novo processo de cassação.
A esperança que surgiu com a lava jato aos poucos vai se esvaindo quando o brasileiro nota que a militância política dentro dos órgãos de justiça é uma constante. A verticalização da impunidade trás o descrédito nos três poderes. Os grandões de Brasília ensinam os caminhos para os corruptos do baixo clero chegarem à dominação do judiciário, e parece não ser muito longo esse trajeto que leva à partidarização desse que é um dos três poderes. Se a justiça dorme em um berço esplêndido forrado de benesses daqueles que tem a corrupção como prática diária, o trabalhador, por outro lado, dorme em uma desconfortável cama, sem os direitos que por “força” da constituição deveria ter. Há uma inversão de valores onde corruptos vivem uma vida nababesca deitados em uma rede confortável sob a sombra do supremo e com a água fresca da impunidade ao seu dispor enquanto o pagador de impostos sofre para ganhar o pão de cada dia, pegando ônibus lotado, morando em bairros esquecidos pelo poder público e à mercê da insegurança. Mesmo com um dos mais altos impostos do mundo não vemos o dinheiro arrecadado sendo revertido em benefícios. Somos escravos do Estado, prestamos serviços forçados aos senhores de engenho do século XXI: os políticos. O mesmo dinheiro dos impostos que banca a vida de luxo daqueles que compõe os três poderes também financia a corrupção, tornando a cegueira da justiça ainda mais intensa para os crimes cometidos pelo Executivo e pelo Legislativo.
Lembra as chamas do forno da pizzaria da justiça que se imaginava serem as luzes de uma nova aurora? Pois é, assando uma mega-ultra-super pizza da Lava-jato sabor decepção, que será repartida entre os brasileiros de forma igualitária.