Especialista da Pitágoras explica que comprimido pode gerar maior aderência de pacientes.
As pessoas que convivem com o HIV têm um motivo para comemorar no mês da campanha Dezembro Vermelho. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no final de novembro, um novo comprimido para o tratamento de portadores do vírus que causa a Aids. O medicamento é a combinação de uma dose diária de dois antirretrovirais que não estavam disponíveis em uma fórmula única, até então.
O farmacêutico e professor do curso de Farmácia da Faculdade Pitágoras, Vinicius Anjos, enxerga a novidade como um avanço para a comunidade soropositiva e acredita que a simplificação das doses pode aumentar a adesão de pacientes. “Essa metodologia unifica duas terapias diferentes em um único comprimido, a lamivudina e dolutegravir sódico. Isso é maravilhoso, pois reúnem esses dois medicamentos em uma dose diária com dois antirretrovirais que antes não estavam disponíveis, somente em um”, detalha.
A função do medicamento é inibir que o vírus consiga se multiplicar dentro das células. Assim, é possível reduzir a quantidade de HIV em circulação no organismo e mantê-la em um nível considerado baixo. Além disso, o comprimido aumenta o número de células CD4, tipo de glóbulo branco do sangue que atua na defesa do corpo e previne infecções.
“A terapia mantém a eficácia do tratamento igual a dos regimes tradicionais, sem prejudicar a farmacocinética e farmacodinâmica das medicações. A posologia acaba por implicar na qualidade de vida de um indivíduo, além de facilitar para a adesão do tratamento, pois os pacientes precisarão ingerir apenas um comprimido em vez de vários”, conclui.
Pessoas com mais de 40 kg, inclusive jovens e adolescentes com mais de 12 anos, podem iniciar o tratamento simplificado com acompanhamento médico. Pessoas sem histórico de terapia antirretroviral prévio ou em substituição ao regime antirretroviral atual com supressão virológica podem aderir ao medicamento.
Dezembro Vermelho
A campanha nacional Dezembro Vermelho foi instituída em 2017 e tem o objetivo de conscientizar a população a respeito do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A iniciativa promove e encoraja a organização de palestras e atividades educacionais, além de veicular campanhas em mídia e realizar eventos.
O tratamento do HIV deve ser iniciado assim que for estabelecido o diagnóstico médico. O teste para identificar o vírus é oferecido gratuitamente em postos de saúde e os medicamentos antirretrovirais são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).