Confundir engajamento com motivação é um dos erros mais comuns cometidos pelas lideranças; para especialista, o ato de engajar é um aspecto mais cognitivo do que emocional
O papel da governança corporativa é muito mais do que inserir um conjunto de práticas para gerir uma empresa; trata-se da arte de gerenciar todos os aspectos que envolvem – direta e indiretamente – acionistas, diretoria, funcionários, stakeholders, consumidores.
Para a conselheira e especialista em ESG Claudia Elisa Soares, governança é fundamental para o fortalecimento dos negócios. “As empresas precisam evoluir na entrega de valores e na formação de pessoas mais engajadas e uma boa governança corporativa é aquela que contribui para que isso aconteça”.
Gestores que fazem reuniões individuais com seus funcionários, por exemplo, conseguem ter equipes mais comprometidas do que os que não adotam a mesma prática. Segundo uma pesquisa realizada pela Feedz, plataforma de engajamento de colaboradores, ter um ambiente leve e amigável também conta para que os colaboradores vistam a camisa e tenham aquele sentimento de pertencimento.
A pesquisa constatou também que se o propósito e os valores da empresa estiverem alinhados e houver práticas de gestão que estimulem a integração e comunicação, existirá um terreno mais favorável para bons relacionamentos.
Um dos erros mais recorrentes dos gestores é quando confundem engajamento com motivação e acreditam que proporcionar momentos de lazer e diversão (que também têm a sua importância) irão resultar em um maior engajamento.
O ato de engajar acaba sendo muito mais cognitivo do que emocional. As pessoas precisam compreender o processo e se sentir parte dele para vestirem a camisa. “Eu engajo porque sei qual é o objetivo, sei para onde estão indo, e por enxergar uma coerência estratégica neste processo eu me sinto parte dele”, explica Claudia.
Neste contexto, ter uma governança corporativa que saiba como engajar suas lideranças é essencial para estimular o crescimento da empresa de forma mais humanizada, dando a ela ferramentas e percepções que às vezes na correria do dia a dia os próprios sócios da empresa não conseguem enxergar. “Este, por sinal, acaba sendo o grande trunfo do conselheiro corporativo: o seu distanciamento crítico que lhe permite observar o todo com mais clareza e isenção”, conclui a conselheira.
Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares – Tupy, Even, Grupo Cassol, Bernoulli Educação e Gouvêa Ecosystem. Em mais de 30 anos de carreira ocupou posições C-level em empresas como AMBEV, GPA, Votorantim Cimentos, Via, FNAC e EMS. Também atua como palestrante, advisor e mentora.