Os fãs do happy hour podem ficar aliviados: abusar do álcool continua fazendo mal, mas uma descoberta científica pode diminuir os riscos de problemas no fígado.
POR Ana Carolina Leonardi
Se tem uma parte do corpo que sofre com os drinks do dia a dia, é o fígado. Para quem abusa da bebida, de pouco em pouco, o álcool leva o órgão a ficar inflamado e processar mal as gorduras, processo que pode acabar na famosa cirrose. Mas os cientistas encontraram uma forma de “reprogramar” o fígado que pode prevenir e tratar os danos causados pela bebida.
Os cientistas ainda não entendem completamente como a Doença Hepática Alcóolica se desenvolve. Uma das teorias era que de que o excesso de bebida alcóolica levava a uma queda nos níveis do antioxidante glutationa (GHS). Conforme a GHS no fígado diminuía, radicais livres eram produzidos em excesso (o que é chamado de estresse oxidativo) e o fígado saía prejudicado.
Só que, em um novo estudo internacional, pesquisadores japoneses e americanos chegaram a uma conclusão bem diferente. Eles fizeram um experimento com ratinhos geneticamente modificados. A manipulação do DNA levava os animais a produzirem só 15% da GHS encontrada no fígado de um rato normal. Depois, esses ratos passaram seis semanas consumindo álcool todos os dias.
Como esperado, o estresse oxidativo aumentou. Mas, para a surpresa dos cientistas, ele passou a exercer um efeito protetor em vez de piorar as condições de saúde dos ratinhos. Os animais com GHS baixa tinham fígados mais resistentes à acumulação de gorduras, um processo chamado de esteatose, que é um dos principais sintomas da doença causada pelo álcool.
A análise do experimento mostrou uma ligação da GHS reduzida com a ativação da enzima AMPK, que ajuda a regular os gastos de energia (e a queima de gordura) do organismo.
Os cientistas querem entender mais sobre a relação entre GHS, estresse oxidativo e gordura no fígado para criar medicamentos capazes de tratar a Doença Hepática Alcóolica e tentar diminuir os casos de cirrose e de morte causada pelo alcoolismo.