Polícia Federal desmonta esquema que desviou R$ 4,3 milhões do INSS em município do Maranhão. Eram usados cartões de pessoas já falecidas para requerer benefícios. Quadrilha também recrutava idosos para fazer documentos falsos e possui ramificação no município de Raposa.
Morador de Raposa, Jorge Luis, lidera quadrilha que frauda o INSS.
A Superintendência da Polícia Federal no Maranhão deflagrou na manhã desta sexta-feira (26) a Operação Tânato, que investiga fraudes nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em cinco cidades do estado. A estimativa é que o rombo ao INSS chegou a R$ 4,3 milhões em sete anos de atuação da quadrilha.
A força-tarefa previdenciária foi integrada pela Polícia Federal, Ministério do Trabalho e Previdência Social, além do Ministério Público. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 12 de condução coercitiva, além de arresto de bens e veículos envolvidos. Ninguém foi preso.
– Raposa
No Município de Raposa, um grupo formado pelo menos de oito pessoas, liderado pelo ex-vereador Jorge Luis Alves Batista Silva, do município de Primeira Cruz entre os anos de 2005 a 2008, atua no esquema criminoso que consistia em adquirir cartões magnéticos utilizados para saque de benefícios sociais do INSS de pessoas já falecidas. A morte dos beneficiados não é comunicada oficialmente aos cartórios, dessa forma os cartões eram obtidos pelos criminosos com as famílias dos falecidos.
Com a estrutura adquirida por meio da fraude no INSS, Jorge Luís, decidiu disputar uma das nove cadeiras na Câmara de Vereadores de Raposa na eleição de outubro.
O investigado pela PF tem renda totalmente incompatível com seu vencimento de vigilante do Estado (à disposição da Prefeitura onde exerceu o mandato de vereador). Jorge é monitorado 24h por dia por uma equipe de investigação da Federal, visto constantemente nas Agências da Previdência de São José de Ribamar e do bairro da Cohab, em São Luís.
– Operação Tânato
Segundo o delegado Sandro Fonseca, responsável pela Operação deflagrada nesta manhã, os criminosos também recrutavam pessoas mais velhas, fabricavam uma carteira de identidade falsa ou levavam ao cartório para tirar outra certidão de nascimento. Com esse documento era requerido o benefício do INSS.
“O esquema basicamente era através da compra de cartões de pessoas já falecidas, eles continuavam sacando esse dinheiro após o falecimento, e do requerimento de benefícios sociais usando documentos falsos”, explicou o delegado.
O que mais chamou a atenção da Polícia Federal foi a enorme quantidade de cartões magnéticos apreendidos na operação. Só com um dos investigados, por exemplo, foram encontrados 400 cartões.
A ação faz parte da operação Tânato, que desarticulou um esquema que desviou R$ 4,3 milhões do INSS no Maranhão.
“É um valor substancial, porque cada cartão no mínimo você faz a retirada de um salário mínimo. Estima-se que o rombo evitado chegue perto de R$ 1 milhão mensal daqui para frente nos cofres do INSS. O prejuízo mensalmente era gigantesco”, disse o delegado.
A comercialização dos cartões entre quadrilhas também está sendo investigada pela PF. A estimativa é que cada cartão era vendido pela quantia de R$ 5 mil. Por conta disso, os cartões contavam com uma segurança para guardá-los. Em São Bento, um policial militar foi alvo de um mandado de busca e apreensão por ser suspeito de ocultar cartões.
Para o delegado Sandro Fonseca, o INSS possui uma série de fragilidades no que se refere à concessão de benefícios sociais que permitiu que o esquema fosse montado. “Para requerer os benefícios só é necessário apresentar um documento com foto. A principal vítima desse esquema é o INSS, sem dúvida”, finalizou.