‘Contraplano’ debate campanha Dezembro Vermelho de prevenção e combate ao HIV/Aids

Convidados foram Jocélia Frazão, da SES; Fernando Cardoso, do Fórum de Combate das IST’S e HIV/Aids; e Ricardo Santos, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV no Maranhão

Agência Assembleia

O programa ‘Contraplano’, da TV Assembleia, nesta terça-feira (5), trouxe à discussão a campanha Dezembro Vermelho, marcada por grande mobilização na luta contra o vírus HIV e a AIDS. Debateram sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento necessário, a chefe do Departamento de Atenção às IST/AIDS e Hepatites Virais da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Jocélia Frazão; o representante do Fórum de Combate das IST’S, HIV/Aids e Hepatites Virais, Fernando Cardoso; e o representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV no Maranhão, Ricardo Santos.

Apresentado pelo jornalista Fábio Cabral, o programa abordou, entre outras questões, o relatório mundial do programa conjunto UNAIDS, da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentado em julho deste ano, que tem como objetivo liderar e coordenar a resposta global à epidemia de DST/Aids. O documento mostra que a pandemia de AIDS pode acabar até 2030.

Os debatedores iniciaram comentando porque ainda hoje se precisa ter um mês chamado Dezembro Vermelho, para sensibilizar as pessoas sobre essa tema. As análises partiram do fato de que a descoberta do primeiro caso de AIDS no país ocorreu no início da década de 80, quando já havia 82 milhões de pessoas infectadas no mundo pelo vírus HIV e 40 milhões delas tendo morrido de doenças decorrentes da Aids.

Para Jocélia Frazão, as pessoas não se veem afetadas. “Como a doença em si ainda é muito silenciosa, as pessoas, principalmente a juventude, não procuram o serviço de atendimento. Hoje, em 20 minutos, temos o diagnóstico. Quando procuram o serviço já estão com a doença acometida. Estamos sempre buscando dialogar com a sociedade civil na busca por estratégias novas, para que não faltem os insumos de prevenção. Os preservativos e a testagem estão sempre disponíveis nas unidades de saúde. O estigma e o preconceito ainda são muito grandes. Não se faz políticas públicas sozinho”, esclareceu.

Ricardo Santos atribui a persistência do estigma e preconceito em relação ao vírus HIV/Aids, dentre outros fatores, ao governo de Jair Bolsonaro, que fez cortes orçamentários que impactaram o Sistema Único de Saúde (SUS). “Enfrentamos uma luta diária de resistência ao estigma e preconceito. Todo dia é dia mundial de luta contra a AIDS. Sabemos que a cura existe, só que o monopólio farmacêutico é muito grande. A parceria da sociedade civil com o poder público é de fundamental importância para avançarmos cada vez mais nesse enfrentamento. A união faz a força”, acentuou.

Por sua vez, Fernando Cardoso disse que precisamos do dezembro Vermelho para dar visibilidade a essa pandemia. “As pessoas sempre pensam que não vai acontecer com elas. O Brasil, em 2023, diminuiu o número de casos, mas no Maranhão houve um pequeno aumento. O Dezembro Vermelho serve para isso, para despertar nas pessoas que o problema existe e precisa ser enfrentado”, ressaltou.

Desafios

Segundo Jocélia Frazão, o Maranhão, hoje, tem cerca de 24 mil casos de Aids. “A Aids está aí. O Governo do Estado tem mantido todo o apoio necessário à política de atendimento dos acometidos. Temos várias ações a serem desenvolvidas na campanha deste ano em parceria com a sociedade civil. Buscamos garantir essa promoção e prevenção. Temos que fazer um trabalho juntos. Não depende só do Governo, depende de todos nós. A prevenção está disponível em toda a atenção básica”, afirmou.

“Estamos propondo uma reflexão sobre a epidemia da Aids por meio da produção de uma peça teatral e montagem de alguns vídeos. Queremos saber qual a visão das pessoas sobre a epidemia da Aids e qual a perspectiva de futuro para essa política pública. Vamos socializar essa produção em várias mídias no sentido de conscientizar a sociedade em relação à necessidade de se continuar a prevenção e o combate ao vírus da AIDS”, ressaltou Fernando Cardoso.

Ricardo Santos disse que a Rede vai atuar em todas as frentes articuladas e com atuação no âmbito governamental e não governamental. “Estaremos juntos em todas as ações a serem desenvolvidas durante e após a campanha Dezembro Vermelho. O maior desafio na luta contra a Aids, ainda, é vencer o preconceito da sociedade”, afirmou.