Mordida de cães fez mais de 50 vítimas no Brasil ano passado. Aprenda como lidar com essa situação

Ser mordido por um cachorro não é só uma experiência assustadora, como também perigosa. A estudante de medicina, Larissa Pimentel, conta que estava de férias visitando parentes no Rio de Janeiro quando foi vítima. “O cachorro de uma prima fingiu ser meu amigo, e, quando peguei ele no colo, mordeu meu pulso e não queria mais largar. Ficou jogando meu braço de um lado para o outro até as outras pessoas conseguirem soltar. Fiquei assustada na hora. Lavei o ferimento com água e sabão e tenho cicatrizes até hoje”, relata.

Entre 2020 a 2023, o Brasil registrou 156 mortes causadas por mordidas ou golpes provocados por cães. Somente no ano passado, foram 51 vítimas, um crescimento de 27% em relação a 2022, quando foram registrados 40 óbitos. Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Ainda de acordo com as estatísticas, o número é o maior já registrado desde 1996, quando o governo federal iniciou esse monitoramento. 

Saber como agir imediatamente após o ocorrido e entender as razões que levaram a esse comportamento do animal são iniciativas fundamentais não só para tratar a ferida adequadamente, como também para prevenir futuros episódios. A médica veterinária Fernanda Karollyne, da Facimp Wyden, explica como lidar com essa situação.

É necessário ter uma atenção especial para mordidas nas mãos, pés e cabeça, que são as regiões do corpo mais sensíveis para esse tipo de ferimento.

A primeira coisa a fazer é higienizar a ferida. “Lavar com água e sabão é essencial”. destaca Fernanda. “Em seguida, deve-se procurar o posto de saúde mais próximo para tomar as vacinas contra a raiva. Se a mordida chegou a perfurar a pele e causou sangramento, é necessário tomar a vacina antirrábica”, completa. Segundo a veterinária, esse procedimento é vital, não importa o quão grave pareça ser a mordida.

CUIDADOS

Se você for o dono do animal, entender por que seu cachorro mordeu é fundamental para prevenir futuros acidentes. “Cães podem morder seus tutores em casos de estresse excessivo. Eles também costumam ficar mais agressivos quando estão se alimentando, perto de fêmeas no cio ou de outros cães. Além disso, podem acontecer mordidas acidentais”, explica Fernanda. Identificar e minimizar essas situações de estresse pode ajudar a reduzir o risco de novas ocorrências.

A profissional explica, ainda, que além dos humanos, os cachorros também devem receber cuidados após um incidente de mordida. “Se o seu cão foi mordido por outro animal, leve-o ao veterinário o mais rápido possível, pois várias doenças são transmitidas através de mordidas, não apenas a raiva”, orienta Fernanda. 

Manter o histórico de vacinas do seu cachorro atualizado é essencial. Se o seu cão não tem histórico de vacinas contra a raiva, ou se as vacinas estão atrasadas, uma visita ao veterinário é importantíssima. “Fique atento a sinais de alerta como salivação excessiva, fotofobia (medo de luz), agitação, agressividade, e dificuldades para comer e beber. Esses podem ser indicativos de infecção por raiva”, enumera. 

Manter o bem-estar do seu animal com consultas regulares ao veterinário – recomendadas a cada seis meses – pode prevenir muitos problemas de saúde e comportamentais. “Seguir essas orientações pode garantir a saúde e a segurança tanto do tutor quanto do animal”, finaliza a especialista. 

James Pimentel – Assessor de Comunicação