Em uma programação recheada de mulheres potentes, a 5ª edição do festival
Operárias das Artes promove, neste final de semana, um verdadeiro emaranhado cultural.
Em dois dias de programação, 20 e 21 de julho, o projeto reunirá artistas locais e
nacionais em uma ciranda diversificada na Casa do Cantador, em Ceilândia – DF. Neste
ano, o evento homenageia a multiartista maranhense Lília Diniz, que há mais de 30 anos
transita pelos palcos do Brasil levando a poesia e o sotaque dos babaçuais maranhenses.
Nascida no povoado Creoli do Bina, na cidade de Tuntum – Maranhão, Lília é filha
de pais analfabetos e foi estimulada desde cedo a se debruçar sobre os livretos da
literatura de cordel e, aos 6 anos de idade, já lia e cantava os romances para os adultos
nas rodas que se formavam à noite no pequeno povoado onde cresceu. Aos 7 anos
mudou-se com sua família para morar em Imperatriz. É atriz, escritora, cantora,
produtora, gestora cultural e brincante. Com 5 livros publicados, seu repertório mantém
vivas as tradições da terra e do povo do interior do Brasil. Sua escrita resgata a linguagem
poética como princípio de composição da cena, atualizando a intuição ancestral de que a
poesia é para ser ouvida, falada e cantada. Lília Diniz é formada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB) e pós
graduada em gestão cultural. Faz parte da Academia Imperatrizense de Letras, da
Academia de Letras do Brasil/Seção Brasília e da Associação de Mulheres Jornalistas e
Escritoras do Brasil. Já morou em Açailândia (MA), Serra de Matinhas e em Janduí (RN),
Distrito Federal e atualmente reside em Imperatriz – MA.
São mais de três décadas dedicadas ao fazer artístico e cultural, a multiartista se
sente grata pelo carinho e o reconhecimento: “Meu sentimento é de gratidão. Olhar para
trás e ver todos os desafios que enfrentei nesse viver de arte, e saber que só foi possível
graças a uma rede de solidariedade entre os tantas operárias e operários da arte é motivo
de gratidão mesmo. Levar esse território, representado no meu universo poético, é algo
que sempre busquei fazer com responsabilidade, amor e, sobretudo, respeito aos que
vieram antes de mim”, afirmou Lília. Ela se apresenta nos dois dias de programação do
festival, no sábado, às 19h50, com o espetáculo “Jacá de prosa, cantiga e verso” e no
domingo, às 18h10, acompanhada da poetisa Marina Mara, realiza o “Sarau Fogo”.
O Festival Operárias das Artes é idealizado por Nanci Araújo, cantora, atriz e
militante cultural desde os anos 80, e produzido por Suene Karim, artevista com forte
atuação na cultura popular negra. O projeto foi criado durante a pandemia de Covid-19
em 2020, e nasceu da necessidade urgente de apoiar financeiramente artistas mulheres,
muitas delas mães solo e profissionais impactadas pela crise. Desde então, o projeto
cresceu e se consolidou como uma ação de política sócio-cultural, promovendo a
equidade de gênero e a inclusão das mulheres cis, trans e não-binárias na cadeia
produtiva da cultura. Demonstrando a importância das mulheres artistas como
trabalhadoras essenciais e pilar de sustento financeiro e intelectual de suas famílias. Sobre a escolha da homenageada desta edição, a realizadora do Festival, Nanci
Araújo afirma: “Acompanho a trajetória de Lília Diniz há muito tempo, a poesia, a força e
resistência dessa mulher me capturaram de uma forma arrebatadora, com muito respeito,
admiração e um olhar meu sempre atencioso pela genialidade tão simples e rebuscada de
como Lília faz o seu ofício, ofício de manter vivas as tradições que celebram a cultura das
quebradeiras de coco e as culturas populares dos rincões de nosso Brasil! O projeto
Operárias das Artes homenageia com muita reverência essa atriz, cantante e brincante do
nordeste brasileiro. Lilia Diniz é uma genuína Operária das Artes!”, concluiu Nanci.
A entrada do evento é solidária, o público poderá fazer doações de agasalhos,
cobertas, cobertores ou roupas de frio em bom estado para ajudar pessoas em situação
de rua e famílias em situação de vulnerabilidade.