Seja uma dor de dente, nas articulações, nas costas ou em qualquer outra parte do corpo, o mais comum é que as pessoas recorram ao famoso “remedinho para dor” sem saber dos grandes riscos que o uso incorreto e exagerado dessas medicações pode trazer. Segundo Rayssa Castro Bueno, farmacêutica e professora da Faculdade de Medicina de Açailândia (IDOMED Fameac), essa prática pode oferecer sérios riscos à saúde, apenas mascarar a dor, dificultar o diagnóstico correto e levar ao agravamento de condições clínicas.

Esta semana é marcada pelo Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos (5 de maio), uma data importante para refletirmos sobre a forma correta de consumo dos remédios, já que na realidade, a situação é bem diferente: uma pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) revelou que, no Brasil, 86% das pessoas tomam medicamentos sem prescrição médica. Entre os cinco remédios mais utilizados sem orientação profissional, dois se destacam por serem voltados ao alívio da dor: os usados para dor de cabeça e dor muscular.
Rayssa explica que essa, infelizmente, é uma realidade clínica frequente. “A dor é um sintoma que costuma causar incômodo e angústia, fazendo com que muitos pacientes busquem alívio imediato em vez de uma avaliação médica aprofundada. Além disso, o fácil acesso a analgésicos contribui para a automedicação, reforçando esse ciclo”, comenta a especialista. O grande problema é que o alívio sintomático pode, em muitas situações, ocultar sinais de doenças graves, como infecções, neoplasias ou doenças autoimunes, por exemplo, levando a um diagnóstico tardio e comprometendo o tratamento correto.
Entre os principais riscos oferecidos à saúde pelo uso indevido de medicamentos para dor, a professora do IDOMED Fameac cita lesões hepáticas, comprometimento renal, gastrite, úlceras, sangramento gastrointestinal e efeitos cardiovasculares, como elevação da pressão arterial ou risco aumentado de eventos trombóticos (como trombose).
Medicação correta
A abordagem ideal deve considerar pontos importantes, como a investigação da causa da dor; o diagnóstico baseado em avaliação clínica e exames; a individualização do tratamento, pois o que funciona para um paciente pode não ser a melhor opção para outro; e o monitoramento da evolução de cada caso.“Vale ressaltar também que existem outras terapias não medicamentosas importantes no alívio da dor, como fisioterapia, psicoterapia, acupuntura e medidas comportamentais, com foco na mudança do estilo de vida, caso ele esteja relacionado à origem da dor”, complementa Rayssa.
