Um tratamento inovador para crianças com câncer ocular.

O retinoblastoma é um tumor ocular maligno que atinge cerca de 400 crianças todos os anos no nosso país. Se não é tratado logo cedo, ele pode exigir a remoção cirúrgica do olho — e, em casos graves, até matar. A boa notícia é que uma forma diferente de aplicar medicamentos quimioterápicos vem trazendo ótimas respostas entre os pequenos com essa doença.

A técnica, chamada de quimioterapia intra-arterial, consiste em injetar o remédio diretamente no vaso sanguíneo que abastece os olhos. Assim, o medicamento ataca o câncer com mais precisão e não precisa ser administrado em alta dose, o que diminui os efeitos colaterais e, em muitos casos, evita a perda da visão. Desde 2012, o método é utilizado no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo. De lá até março de 2016, 64 pacientes foram submetidos a esse tratamento — os resultados deram origem a um estudo que será discutido no 48º Congresso da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica, em Dublin, na Irlanda. Sidnei Epelman, diretor de Oncopediatria do Hospital Santa Marcelina e presidente da Tucca — Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, vai apresentar os frutos desse trabalho.

Os dados do levantamento apontam que 71% dos olhos dos pequenos que nunca haviam recebido tratamento e 76% dos que passaram por outra intervenção anteriormente foram preservados. Detalhe: mesmo em crianças cuja doença estava em estágio mais avançado, a estratégia trouxe benefícios. “A quimioterapia intra-arterial chega como uma possibilidade de salvar o olho e a visão”, afirmou Epelman, em um comunicado à imprensa. Vale destacar que ela já é utilizada frente a outros cânceres, como os de pâncreas e de cabeça e pescoço.

Como reconhecer o retinoblastoma

A doença acomete, em sua maioria, crianças de até 5 anos. E as chances de cura podem atingir até 100% se o diagnóstico for feito precocemente. Fique de olho nos sinais:
– Estrabismo
– Vermelhidão
– Deformação do globo ocular
– Perda de visão
– Dor ocular
– “Reflexo de olho de gato”: ao tirar uma foto com flash, a pupila normalmente fica vermelha na imagem. Mas, nas crianças com a doença, o reflexo é esbranquiçado