Especialista explica porque as pessoas tendem a ser mais agressivas ao volante
Para você, o que vale mais: acelerar a todo custo e discutir com outros motoristas em meio a semáforos e sinalizações de trânsito ou poder chegar em casa com a saúde (inclusive mental) em dia? Para muitas pessoas, a diferença entre velocidade e segurança é, literalmente, uma questão de vida ou morte. De acordo com o DataSus, do Ministério da Saúde, em 2023, quase 35 mil pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito no Brasil. A média é de uma morte a cada 15 minutos.
Xingamentos, “fechadas” e até perseguições são alguns comportamentos presentes na rotina do trânsito. Segundo especialistas, atitudes como essas são resultado do estresse crônico ativado pelo dia a dia nas ruas. “Situações como engarrafamentos ativam a resposta de luta ou fuga, liberando cortisol e reduzindo a capacidade de regulação emocional. Ações como buzinar ou ultrapassar irregularmente aliviam momentaneamente a tensão, reforçando a conduta agressiva, que deve ser evitada”, explica o psicólogo da Hapvida, Jediael Abreu.
Outros fatores psicológicos que contribuem para a agressividade no trânsito, segundo Jediael, são a modelagem social e a impulsividade. “Motoristas expostos a comportamentos agressivos, como aqueles que convivem com outras pessoas que dirigem agressivamente ou se comportam dessa maneira em outras situações da vida, tendem a imitar essas ações e, por isso, têm mais chance de se envolver em problemas no trânsito”, afirma.
Na prática, isso explica porque aquele condutor que enfrenta todos os dias um trânsito caótico tende a apresentar uma tolerância menor a frustrações no volante, reagindo com xingamentos ou buzinaço a uma eventual demora no sinal vermelho. O problema é que o estresse criado pelo condutor violento é coletivo e acaba aumentando os níveis de ansiedade de todos os usuários das vias, criando um ambiente propício a ainda mais conflitos.
O psicólogo ressalta algumas estratégias que podem ser usadas para fugir das brigas no trânsito. “Invista em técnicas de autorregulação, como a respiração diafragmática (respirar expandindo e contraindo o abdômen ao invés do tórax). Ela reduz a ativação da amígdala, região cerebral ligada à agressividade. Em vez de pensar, por exemplo, que o outro fez aquela manobra com a intenção expressa de lhe provocar, pense que ela pode simplesmente não ter visto o seu carro, por exemplo”, orienta Jediael.
Outra dica importante é planejar, com antecedência, o trajeto que fará com o seu veículo, usando aplicativos que ajudem a evitar rotas congestionadas. “Você também pode ouvir podcasts ou músicas calmas para modular o estado emocional antes de dirigir e recompensar-se após uma viagem sem conflitos, como parar para fazer algo que goste”, finalizou o psicólogo.
