O Estado do Maranhão tem uma perda total de água superior a 64,52%, e São Luís uma média de 68,61%. Os preocupantes dados apontam ainda que a capital maranhense figura no 4º lugar do ranking nacional dos piores índices de perdas de faturamento total, de acordo dados fornecidos pelo Ministério das Cidades, mais precisamente pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e o Índice de Perdas de Faturamento Total (IPFT), que estima o quantitativo de água potável que foi produzida, mas não faturada.
Os dados subsidiaram o conteúdo de um ofício de autoria do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), da Defensoria Pública do Estado (DPE/MA), encaminhado nesta terça-feira, 18, ao presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Davi Telles. No documento, o defensor público titular do Nudecon e criador do projeto “Defensores do Saneamento”, Alberto Pessoa Bastos, assegura não ter dúvidas de que o quadro fomenta o consumo desenfreado e irracional, bem como impossibilita da companhia de assegurar recursos para investir em novas redes coletoras, de vez que sobrevive com mais de 60% de prejuízos.
O objetivo da iniciativa do núcleo especializado da DPE/MA é propor o estabelecimento de um grupo de trabalho entre representantes do projeto “Defensores do Saneamento” e da Caema para discutir o tema e, consequentemente, replicar medidas exitosas de outros estados que contribuíram para reduzir as perdas, como a elaboração de uma agenda conjunta de atuação, promover a capacitação de lideranças comunitárias, ampliar programas que visem instituir tarifas sociais de água e a criação de um setor de prevenção de desperdício na concessionária.
Segundo ressalta o defensor Alberto Bastos no documento, os dados refletem não só o desperdício do recurso hídrico que fomenta a falta de água em vários pontos da capital, mas também os valores que a concessionária deixa de receber pela água consumida, mas não faturada comprometendo a capacidade de investir em outras demandas sociais, a exemplo de instalação de novas redes de água e esgoto.
Além disso, podem-se elencar como principais efeitos desse alto índice a construção de uma imagem negativa para o consumidor, repasse dos valores correspondentes para tarifa, o desincentivo ao uso racional da água e, principalmente, contribuição para a escassez do recurso hídrico.
Bastos observou, ainda, que algumas dessas ações já foram desenvolvidas com intuito de otimizar esse quadro, tanto pela concessionária, quanto pelos órgãos responsáveis, a exemplo do acordo firmado entre Caema e DPE/MA para aumentar hidrometração na capital maranhense. Todavia, ele sustenta que tais procedimentos não são suficientes se considerados isoladamente.
Fonte:Luis Cardoso