O aposentado Credes Nunes, que mora em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 quilômetros de Salvador, colocou a casa à venda para conseguir comprar o remédio necessário para a esposa que sofre de câncer no fígado.
Lêda Santana, de 55 anos, descobriu a doença há menos de dois anos. A terapia de Lêda depende da medicação Sorafenibe para impedir o avanço da doença, mas a cartela do remédio, que dá para um mês, curta R$ 8 mil. “Tem dia que eu não durmo. Choro o dia todo. Não durmo, é muita dor”, contou.
De acordo com o Núcleo Regional de Saúde de Feira de Santana, os remédios de controle do câncer não estão disponíveis na rede pública, mas podem ser adquiridos através de decisão judicial. Credes Nunes disse que já entrou com ação na Justiça pedindo que o estado pague o tratamento de Lêda. Como não obteve resposta, decidiu colocar a casa à venda.
Através de nota, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que a Justiça indeferiu a ação impetrada pela paciente, motivo pelo qual a secretaria ainda não foi acionada para atender a demanda. A Sesab ainda esclareceu que o medicamento não faz parte do elenco do SUS, por isso não consta em estoque.
Conforme os laudos médicos, se Lêda não fizer uso dos remédios, o câncer pode chegar a um estágio irreversível.
Ele conta que é capaz de fazer qualquer esforço para ajudar na saúde da esposa. “Mesmo que eu vá para debaixo da ponte”, disse o aposentado.
O casal vive com a aposentadoria por invalidez do aposentado, que é de R$ 1 mil. Metade do valor é usado em medicamentos para Lêda, a outra metade para a manutenção da casa e alimentação.
“Esses medicamentos de alto custo não ficam no controle de estoque justamente por conta do valor elevado, mas os pacientes entram com o chamado processo especial e aguardam o deferimento pelo nível central”, explicou o o coordenador do núcleo, Edy Gomes.