Pescadores lamentam a pouca quantidade de peixes e dizem que a piracema é muito curta

Os pescadores que vivem na região de Tocantinópolis, afirmam que o período da piracema tem sido longo o suficiente e deveria durar ao menos seis meses. A piracema é o intervalo de tempo em a pesca fica proibida nos rios do Brasil para permitir que os peixes se reproduzam. No Tocantins, ela durou quatro meses, entre 1º de novembro e 28 de fevereiro. Os pescadores afirmam que mesmo após o fim do prazo a quantidade de peixes nos rios continua baixa.

Outro problema apontado por eles é o nível do rio. A reclamação que após a construção da Usina Hidroelétrica de Estreito, na divisa entre o Tocantins e o Maranhão, a vazão ficou instável e é comum o nível da água ficar baixo. Em 2016 o rio Tocantins enfrentou a pior seca de toda a série histórica.

O presidente da colônia de pescadores de Tocantinópolis, João Aroldo Gomes, disse que no período próximo do começo e logo após o fim da piracema é comum encontrar ovas nos peixes capturados e que isso prejudica a reprodução, já que eles não vão desovar e renovar a população de pescado nos rios.

“O mês de outubro todinho está se pegando peixe ovado, pegando e consumindo. Do dia 1º (de março) em diante está liberado e nós passamos 30, 45 dias pegando peixe ovado. Se fizessem uma portaria para contemplar 30 dias antes e 30 dias depois, para complementar para seis meses, com certeza irá aumentar os estoques pesqueiros, porque esses peixes que estão sendo pescados todos ovados deixarão de ser capturados”, explicou ele.

O biólogo Ronaldo Lima diz que a expectativa ainda é boa, mas poderia ser melhor, já que algumas espécies de peixes chegaram a desaparecer após a construção da usina no rio Tocantins.

“A expectativa que o pescador tem é que sempre haja mesmo mais pescado. Estamos finalizando um período de piracema e a expectativa é boa. Mas necessariamente, com a contenção que começou a acontecer há alguns anos atrás com a barragem, nem sempre pode ser uma expectativa muito boa. Em virtude de a comunidade de peixes estar prejudicada. Muitas espécies migratórias desapareceram ou pouco são visíveis hoje. Principalmente as comerciais”, disse ele.

O consórcio que administra a hidrelétrica diz que obedece às normas operacionais e que mantem informes diários sobre a vazão da usina. A empresa afirma ainda que estudos comprovaram que a atividade pesqueira é viável na região.