Brasil, um país refém do medo e da violência

Toda e qualquer pessoa já se deu conta de que viver no Brasil é um ato de heroísmo. Estar vivo neste país, em última análise, pode sim ser considerado um milagre. Até mesmo conseguir terminar esse pequeno texto pode ser considerado uma dádiva.

No Brasil, a violência, o medo e a insegurança estão por toda a parte. Nas periferias aos bairros mais requintados da elite ninguém está a salvo. Em todas essas comunidades, não há moradores, mas sim verdadeiros sobreviventes. Talvez o medo seja o elemento mais presente no modo de vida do brasileiro.

“O exercício de todos os atos da vida civil nesse país, do lazer ao trabalho, é condicionado e permeado pelo medo.”
Até mesmos os programas de televisão também são embalados pelo medo. Coisas do tipo “hoje falaremos como não ser assaltado no semáforo”, “dicas para viajar e não ter a casa assaltada”, “dicas de como se deve entrar num veículo estacionado na rua”, “dicas para sair da faculdade e não ser estuprada”, entre outros temas intrinsecamente relacionados à insegurança e a violência dominam nossa grade de programação na televisão com canais abertos.

E nem de longe a coisa parece melhorar. Ao contrário, parece que o medo vai ser tornando um modo de vida definitivo e aceitável na vida do brasileiro, algo irremediável.

Diante da absoluta ineficiência do Poder Público em garantir a segurança da população, cada um se vira como pode. Há desde aqueles que não se atrevem a sair de casa por nada nesse mundo mergulhados em ansiolíticos, até aqueles que se armam até os dentes transformando suas casas em fortalezas medievais e seus veículos em “batmóvel” blindado. Tudo dependerá da capacidade financeira de arcar com os custos do medo que toma conta de cada um.

Mas a violência tem seu lado democrático. Ou melhor (pior) dizendo, macabro. Ela está aí perto de todos e contra todos, em todo lugar, é onipresente no território brasileiro. Ricos e pobres, trabalhadores e “preguiçosos”, arrimos de família e andarilhos, todos os dias são ceifados pela tragédia da nossa violência cotidiana. Enquanto isso, a corrupção generalizada na política brasileira contribui ainda mais para a ruína do país. Restando ao povo assistir enojado, envergonhado e desanimado o estado de guerra interna que devasta o Brasil.