Penso numa estratégia de argumentação que congregue os cidadãos atuantes numa pauta de reforma política que exclua de uma vez por todas a dominação da vida pública pelas quadrilhas de políticos profissionais. Pois não vejo outra alternativa a não ser a criação de um novo imaginário social para a cultura de cidadania política.
A política tem de ser resgatada como a mais nobre das atividades humanas pelas elites do país. Não há mais espaço para o cinismo e o corporativismo da “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Precisamos, isto sim, de “o que você pode ceder de sua corporação para ter moral de exigir que as demais cedam?”.
Não se tem notícia de criação de um novo imaginário social para a política de uma nação sem a ação e argumentação estratégica de suas elites. E essa estratégia tem de ser construída obrigatoriamente no espaço público da mídia por que estamos no século 21. Seja na mídia profissional, na grande mídia, através da atuação voluntária de alguns de nossos jornalistas mais responsáveis e independentes (não ouso citar nomes); seja pela iniciativa de projetos de internet, canais bem focados como o Congresso em Foco e alguns dos muitos canais recentemente surgidos com independência de publicidade estatal.
Mas o discurso tem de ser obrigatoriamente inclusivo, consensual e amplo para as grandes questões de afirmação de nossa cidadania política, independente de partidos, doutrinas e preconceitos ideológicos, pois todos concordamos que o mais urgente é que a política seja ocupada pelos cidadãos de bem, interessados em resgatar a ação política como bem comum, interesse público, moralidade pública, para além de legalidade apenas.
Por isso, o nosso instituto é de cultura política e vem propondo há anos o programa de Agentes de Cidadania, aqueles que, independentes de governos e ambições eleitorais, têm propostas positivas de políticas públicas em quaisquer campos de suas atividades, livres de quaisquer corporativismos ou interesses setoriais, por mais justos que sejam.
Temos de refundar a res pública com base no princípio de que só interessa a política que possa interessar a todos. Para tanto, temos de exercitar uma profunda reflexão sobre valores morais que devem ser resgatados também da lavagem cerebral de que fomos vítimas pela demagogia dos governantes pós-abertura.
Temos de lipoaspirar uma dita Constituição “cidadã” que nos iludiu de direitos sociais ilimitados contra a prestação de nenhum dever cívico em troca. Sem juntar esse amplo espectro de nossas elites e realinhá-las como Agentes de Cidadania, com a responsabilidade de reconstruir a vida pública do país, continuaremos patinando no berço esplêndido do futuro promissor que nunca chega.
Parabéns, Sylvio, por você ser um desses Agentes de Cidadania empenhados em resgatar desse Congresso Nacional os verdadeiros estadistas que pensam nas próximas gerações e não apenas nas próximas eleições!